Sustentabilidade Apícola em Ambiente Semiárido do Brasil: Determinação de Pontos Críticos

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2022v11i4.p29-47

Palabras clave:

apicultura, sustentabilidade, mesmis, semiárido brasileiro

Resumen

Na conjectura global, a atividade apícola tem vivenciado uma série de ameaças provocada, principalmente, pela modernização da agricultura. No Brasil, o segmento apícola tem enfrentado ainda carências de planejamento, de organização, de gerenciamento técnico e de suporte público. Tais condições podem arriscar a sustentabilidade da apicultura, especialmente quando submetida a estresses climáticos intensos, característicos de regiões semiáridas. A compreensão científica desse cenário tem sido urgentemente requisitada para garantir o futuro da apicultura. Por esta razão, pretende-se com este estudo identificar pontos críticos acerca da sustentabilidade de sistemas de produção apícolas localizados em ambiente semiárido do Brasil. O Marco para a Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade (Mesmis) foi aplicado em 19 unidades de análise, fazendo-se uso da literatura especializada, de visitas de campo e de entrevistas semiestruturadas. O confrontamento de dados (primários e secundários) pela equipe da pesquisa permitiu o apontamento de nove pontos críticos (assistência pública, associativismo, autonomia, capacitação, manejo, qualidade da paisagem, qualidade de vida, produtividade apícola e variabilidade climática). Essa conjuntura evidenciou questões ambientais, sociais e econômicas da atividade apícola atual, que precisam ser consideradas pelos atores sociais envolvidos. Logo, a (in)sustentabilidade de sistemas apícolas no Semiárido brasileiro pode ser determinada pelo nível de comprometimento com a correção de fragilidades e com o aprimoramento de potencialidades apícolas.

Biografía del autor/a

Francisco de Assis Salviano de Sousa, Universidade Federal de Campina Grande

Professor Titular

Citas

Abro Z, Kassie M, Tiku HA, Taye B, Ayele ZA, Ayalew W 2022. The impact of beekeeping on household income: evidence from north-western Ethiopia. Heliyon 8(e09492):1-8.
Alencar ICW, Azevedo PV, Cândido GA 2018. Avaliação da sustentabilidade dos agroecossistemas familiares que produzem coco-da-baía em monocultivo e policultivo no perímetro irrigado das Várzeas de Sousa-PB. Revista Brasileira de Geografia Física 11(3):886-903.
Almeida MAB, Gutierrez GL, Marques R 2012. Qualidade de vida: definição, conceitos e interfaces com outras áreas, de pesquisa. Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH/USP), São Paulo, 142pp.
Aquino, JR, Lacerda MAD 2015. Magnitude e condições de reprodução econômica dos agricultores familiares pobres no Semiárido brasileiro: evidências a partir do Rio Grande do Norte. Revista de Economia e Sociologia Rural 52:167-187.
Astier M, Masera O, Galván-Miyoshi Y 2008. Evaluación de Sustentabilidad: Un enfoque dinámico y multidimensional. Mundiprensa/Fundación Instituto de Agricultura Ecológica y Sustentable, Espanha, 201pp.
Borges MGB, Silva RA, Araújo AS, Andrade ABA, Cajá DF, Maracajá PB 2014. Estudo sobre a sustentabilidade: aspectos socioeconômicos e ambientais em cinco associações de apicultores no Sertão da Paraíba. Acta Apícola Brasílica 2(2):1-12.
Brasil 2019. Censo agropecuário 2017: resultados definitivos. IBGE, Rio de Janeiro, 109pp.
Brittain C, Potts SG 2011. The potential impacts of insecticides on the life-history traits of bees and the consequences for pollination. Basic and Applied Ecology 12:321-331.
Casanelles-Abella J, Moretti M 2022.Challenging the sustainability of urban beekeeping using evidence from Swiss cities. Urban Sustainability 2(3):1-5.
Castro CN 2015. Desafios da agricultura familiar: o caso da assistência técnica e extensão rural. Boletim Regional, Urbano e Ambiental 12:49-59.
Conte YL, Navajas M 2008. Climate change: impact on honey bee populations and diseases. Revue Scientifique et Technique (International Office of Epizootics) 27(22):499-510.
Costa A 2010. Agricultura sustentável III: indicadores. Revista de Ciências Agrárias 33(2):90-105.
Costa RO 2015. Identificação e hierarquização dos principais problemas existentes na produção de mel de abelha no Estado da Paraíba. Monografia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 62pp.
Couto RHN, Couto LA 2006. Apicultura: manejo e produtos. FUNEP, Jaboticabal, 193pp.
Crane E 2009. Bee products. In Resh VH, Cardé RT. Encyclopedia of Insects. Elsevier, China, p. 71-75.
Decourtye A, Mader E, Desneux N 2010. Landscape enhancement of floral resources for honey bees in agro-ecossystems. Apidologie 41:264-277.
Dicks LV, Breeze TD, Ngo HT, Senapathi D, An J, Aizen MA, Basu P, Buchori D, Galetto L, Garibaldi LA, Gemmill-Herren B, Howlett BG, Imperatriz-Fonseca VL, Johnson SD, Kováscs-Hostyánszki A, Kwon YJ, lattorff HMG, Lungharwo T, Seymour CL, Vanbergen AJ, Potts SG 2021. A global-scale expert assessment of drivers and risks associated with pollinator decline. Nature Ecology & Evolution 5:1453-1461.
Domingos HGT, Gonçalves LS 2014. Termorregulação de abelhas com ênfase em Apis Mellifera. Acta Veterinaria Brasilica 8(3):151-154.
Erbaugh J, Bierbaum R, Castilleja G, Fonseca GAB, Hansen SCB 2019. Toward sustainable agriculture in the tropics. World Development 121:158-162.
Faostat [database on the internet]. Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations. 2018 - [cited 2020 mar 10]. Available from: http://www.fao.org/faostat/en/#data/QL
Fernandes Júnior JVM, Silva NGA 2016. Cadeia Produtiva do Mel: um estudo no município de Pau dos Ferros/RN. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental 20(1):115-124.
Formiga Júnior IM, Cândido GA, Amaral VS 2014. Sustentabilidade do cultivo de melão no assentamento São Romão em Mossoró/RN: determinação dos pontos críticos. Campo-Território: Revista de Geografia Agrária (19):57-87.
Gallai N, Salles J, Settele J, Vaissière BE 2009. Economic valuation of the vulnerability of world agriculture confronted with pollinator decline. Ecological Economics 68(3):810-821.
Galletti AA 1974. Crédito rural no Brasil e a sua conjugação com a assistência técnica. Revista de Administração Rural 14(5):81-85.
Garagorry FL, Quirino TR, Sousa CP 2002. Diagnóstico sociotécnico da agropecuária brasileira. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília, 43pp.
Garibaldi LA, Steffan-dewenter I, Winfree R, Aizen MA, Bommarco R, Cunningham SA, Kremen C, Carvalheiro LG. Harder LD, Afik O, Bartomeus I, Dudenhöffer JH, Freitas BM, Ghazoul, J, Greenleaf S, Hipólito J, Holzschuh A, Howlett B, Isaacs R, Javorek SK, Kennedy CM, Krewenka KM, Krishnan S, Mandelik Y, Mayfield MM, Motzke I, Munyuli T, Nault BA, Otieno M, Peterson J, Pisanty G, Potts SG, Rader R, Ricketts TH, Rundlöf M, Seymour CL, Schüepp C, Szentgyörgyi H, Taki H, Tscharntke T, Vergara CH, Viana BF, Wanger TC, Westphal C, Williams N, Klein AM 2013. Wild pollinators enhance fruit set of crops regardless of honey bee abundance. Science 339(6127):1608-1611.
Giannini TC, Acosta AL, Silva CI, Oliveira PEAM, Imperatriz-Fonseca VL, Saraiva AM 2013. Identifying the areas to preserve passion fruit pollination service in Brazilian Tropical Savannas under climate change. Agriculture, Ecosystems & Environment 171:39-46.
Giannini TC, Cordeiro, GD, Freitas BM, Saraiva AM, Imperatriz-Fonseca VL 2015. The dependence of crops for pollinators and the economic value of pollination in Brazil. Journal of Economic Entomology 108(3):849-857.
Gois GC, Evangelista-Rodrigues A, Silva LT, Lima CAB, Pessoa RMS 2015. Estudo físico-químico e microbiológico do mel de Apis mellifera comercializados no estado da Paraíba. Acta Veterinaria Brasilica 9(1):50-58.
Goulson D, Nicholls E 2022. Anthropogenic influences on bee foraging. Science 375(6584):970-972.
Griggs D, Stafford-Smith M, Gaffney O, Rockström J, Öhman MC, Shyamsundar P, Steffen W, Glaser G, Kanie N, Noble, I 2013. Sustainable development goals for people and Planet. Nature 495:305-307.
Guimarães-Cestaro L, Alves MLTMF, Message D, Silva MVGB, Teixeira EW 2017. Honey bee (Apis mellifera) health in stationary and migratory apiaries. Sociobiology 64(1): 42-49.
Jara L, Ruiz C, Martín-Hernández R, Muñoz I, Higes M, Serrano J, de la Rúa P 2021. The Effect of migratory beekeeping on the infestation rate of parasites in honey bee (Apis mellifera) colonies and on their genetic variability. Microorganisms 9(22):1-18.
Jongh EJ, Harper SL, Yamamoto SS, Wright CJ, Wilkinson CW, Ghosh S, Otto SJG 2022. One health, one hive: a scoping review of honey bees, climate change, pollutants, and antimicrobial resistance. PLoS ONE 17(2):1-18.
Kennedy CM, Lonsdorf E, Neel MC, Williams NM, Ricketts TH, Winfree R, Bommarco R, Brittain C, Burley AL, Cariveau D, Carvalheiro LG, Chacoff NP, Cunningham SA, Danforth BN, Dudenhöffer JH, Elle E, Gaines HR, Garibaldi LA, Gratton C, Holzschuh A, Isaacs R, Javorek SK, Jha S, Klein AM, Krewenka K, Mandelik Y, Mayfield MM, Morandin L, Neame LA, Otieno M, Park M, Potts SG, Rundlöf M, Saez A, Steffan-Dewenter I, TakI H, Viana BF, Westphal C, Wilson JK, Greenleaf SS, Kremen C 2013. A global quantitative synthesis of local and landscape effects on wild bee pollinators in agroecosystems. Ecology Letters 16(5):584-599.
Kouchner C, Ferrus C, Blanchard S, Decourtye A, Basso B, Conte YL, Tchamitchian M 2019. Bee farming system sustainability: an assessment framework in metropolitan France. Agricultural Systems 176:1-8.
Lemos HM, Barros RLP 2007. O desenvolvimento sustentável na prática. Comitê Brasileiro das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Rio de Janeiro, 40pp.
Lengler L, Lago A, Coronel DA 2007. A organização associativa no setor apícola: contribuições e potencialidades. Organizações Rurais & Agroindustriais 9(2):151-1637.
Lorenzon MCA, Koshiyama AS, Haidamus SL, Muniz Júnior JCB 2012. Indicadores & desafios da apicultura fluminense: um retrato brasileiro. Above Publicações, Vila Velha, 272pp.
Martínez-Lopez V, Ruiz C, de la Rúa P 2022. Migratory beekeeping and its influence on the prevalence and dispersal of pathogens to managed and wild bees. International Journal for Parasitology: Parasites and Wildlife 18:184-193.
Martins MF, Cândido GA, Aires AB 2017. Sustentabilidade em sistemas agrícolas integrados: uma aplicação do método MESMIS em cooperativa de pequenos produtores rurais. Revista Brasileira de Ciências Ambientais 43:64-84.
Marzall K 1999. Indicadores de sustentabilidade para agroecossistemas. Dissertação – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 234 pp.
Masera Ó, Astier M, López-Ridaura S 1999. Sustentabilidad y manejo de recursos naturales: el marco de evaluación MESMIS. Mundi Prensa, México, 88 pp.
Mattos IM, Souza J, Soares AEE 2018. Analysis of the effects of climate variables on Apis mellifera pollen foraging performance. Arquivo Veterinário de Medicina Veterinária e Zootecnia 70(4):1301-1308.
Naug D 2009. Nutritional stress due to habitat loss may explain recent honeybee colony collapses. Biological Conservation 142:2369-2372.
Oliveira FL 2015. Apicultura no Sertão Paraibano: principais dificuldades sob a ótica dos pequenos apicultores. Dissertação – Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, 69pp.
Oliveira G, Araújo MB, Rangel TF, Alagador D, Diniz-Filho JAF 2012. Conserving the Brazilian semiarid (Caatinga) biome under climate change. Biodiversity and Conservation 21(11):2913-2926.
Patel V, Pauli N, Biggs E, Barbour L, Boruff B 2021. Why bees are critical for achieving sustainable development. Ambio 50:49-59.
Paulino FDG, Souza DC 2007. Manejo básico das colmeias. In Souza DC (Org.). Apicultura: manual do agente de desenvolvimento rural. Sebrae, Brasília, 77-82pp.
Pereira EF, Teixeira CS, Santos A 2012. Qualidade de vida: abordagens, conceitos e avaliação. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte 26(2):241-50.
Pilati L, Prestamburgo M 2016. Sequential relationship between profitability and sustainability: the case of migratory beekeeping. Sustainability 8(94):1-8.
Pinheiro FK 2011. Avaliação da sustentabilidade de sistemas de produção apícolas: diagnóstico participativo em associações de apicultores da região central do Ceará. Dissertação – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 170pp.
Potts SG, Imperatriz-Fonseca VL, Ngo HT, Aizen MA, Biesmeijer JC, Breeze TD, Dicks LV, Garibaldi LA, Hill R, Settelo J, Vanbergen AJ 2016. Safeguarding pollinators and their values to human well-being. Nature 540:200-229.
Reddy PVR, Verghese A, Rajan VV 2012. Potential impact of climate change on honeybees (Apis spp.) and their pollination services. Pest Management in Horticultural Ecosystems 18(2):121-127.
Rowland BW, Rushton SP, Shirley MDF, Brown MA, Budge GE 2021. Identifying the climatic drivers of honey bee disease in England and Wales. Scientific Reports 11(21953):1-10.
Sanchez GF, Matos MM 2012. Marcos metodológicos para sistematização de indicadores de sustentabilidade da agricultura. Cadernos [SYN]THESIS 5(2):255-267.
Santos CF, Otesbelgue A, Blochtein B 2018. The dilemma of agricultural pollination in Brazil: Beekeeping growth and insecticide use. PLoS ONE 13(7):1-13.
Sartori S, Latrônico F, Campos LMS 2014. Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: uma taxonomia no campo da literatura. Ambiente & Sociedade 17(1):1-22.
Siche R, Agostinho F, Ortega E, Romeiro A 2007. Indices versus indicadores: precisões conceituais na discussão da sustentabilidade de países. Ambiente & Sociedade 10(2):137-148.
Silva VP, Cândido GA 2014. Sustentabilidade de agroecossistemas de mandioca: primeiro ciclo de avaliação em Bom Jesus-RN. GEOUSP – Espaço e Tempo (Online) 18(2):313-328.
Simone-Finstrom M, Li-Byarlay H, Huang MH, Strand MK, Rueppell O, Tarpy DR 2016. Migratory management and environmental conditions affect lifespan and oxidative stress in honey bees. Scientific Reports 6(3202):1-10.
Sousa LCFS 2013. Sustentabilidade da apicultura: aspectos socioeconômicos e ambientais em assentamentos rurais no Semiárido paraibano. Dissertação – Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, 78pp.
Souza DC 2007. Apicultura: manual do agente de desenvolvimento rural. Sebrae, Brasília, 186pp.
Souza DL, Rodrigues AE, Pinto MSC 2007. As abelhas como agentes polinizadores. Revista Eletrônica de Veterinária 8(3):1-7.
Speelman E, López-Ridaura S, Colomer NA, Astier M, Masera OR 2007. Ten years of sustainability evaluation using the MESMIS framework: lessons learned from its application in 28 Latin American case studies. International Journal of Sustainable Development & World Ecology 14(4):345-36.
Torres RR, Lapola DM, Marengo JA, Lombardo MA 2012. Socio-climatic hotspots in Brazil. Climatic Change 115:1-13.
Viana BF, Boscolo D, Mariano Neto E, Lopes LE, Lopes AV, Ferreira PA, Pigozzo CM, Primo L 2012. A polinização no contexto da paisagem: o que de fato sabemos e o que precisamos saber. In Imperatriz-Fonseca VL, Canhos DAL, Antonio MS (Eds.). Polinizadores no Brasil: contribuição e perspectivas para a biodiversidade, uso sustentável, conservação e serviços ambientais. EDUSP, São Paulo, p. 51-92.
Vidal MF 2017. Desempenho da apicultura nordestina em anos de estiagem. Caderno Setorial ETENE 2(11):3-10.
Vieira filho JER, Silveira JMFJ 2011. Modelo evolucionário de aprendizado agrícola. Revista Brasileira de Inovação 10(2):265-300.
Winfree R, Bartomeus I, Cariveau DP 2011. Native pollinators in anthropogenic habitats. Annual Review of Ecology Evolution Systematics 42:1-22.

Publicado

2022-12-30

Cómo citar

FELIPE NETO, Carlos Antonio Lira; AMARAL, Xaila Sant Anna; SOUSA, Francisco de Assis Salviano de. Sustentabilidade Apícola em Ambiente Semiárido do Brasil: Determinação de Pontos Críticos. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 11, n. 4, p. 29–47, 2022. DOI: 10.21664/2238-8869.2022v11i4.p29-47. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/4548. Acesso em: 22 nov. 2024.