A Contribuição de Leo Waibel para o Conhecimento da Colonização Agrária no Brasil do Séc. XX
DOI:
https://doi.org/10.21664/2238-8869.2019v8i3.p69-87Palabras clave:
Leo Waibel, Colonização Agrária, Goiás, Sul do Brasil, Zonas Pioneiras, Colaboração Brasil-Alemanha na GeografiaResumen
No auge da sua carreira científica, Leo Waibel foi despedido de sua cátedra de geografia devido a razões políticas durante a administração nazista da Universidade de Bonn e banido de todas as atividades junto a universidades alemãs. Em exílio nos Estados Unidos (1939-46), trabalhou como pesquisador tendo sido convidado em 1946 pelo Conselho Nacional de Geografia no Rio de Janeiro a ocupar o cargo de consultor científico daquela instituição governamental. Com o seu grupo de trabalho formado por talentosos jovens geógrafos brasileiros, ele se ocupou dos tópicos da colonização agrária e do uso da terra também com o paradigma da agricultura brasileira, usando somente florestas para a colonização agrária e campos para a criação bovina extensiva. Ele iniciou pesquisa intensa sobre os problemas dos pequenos colonos, ignorados até então no Brasil. Em Goiás, foram examinadas as condições para a colonização agrária no “Mato Grosso de Goiás” e as possibilidades do uso da terra nos Campos cerrados. Pesquisas sobre o Planalto Central facilitaram o contrato para uma expedição no sentido de definir a localização da futura capital do Brasil. Logo depois, Waibel concentrou sua atenção nos fundamentos da colonização européia no Sul brasileiro e os diferentes sistemas de uso da terra. Razões para o pequeno número de colonos bem sucedidos foram erros na localização de áreas de assentamentos sem consideração a elementos geográficos e condições climáticas, lotes pequenos, herança de partes iguais e a distância até os centros de mercados. Analisando as zonas pioneiras dinâmicas do Sul, do Sudoeste brasileiro e do Planalto Central foram outros highlights das suas pesquisas. Os resultados científicos de Waibel merecem alta consideração e sua reputação fez com que seus colaboradores fizessem uma divisão das atividades no CNG em “antes” e “depois” da presença de Waibel atestando um nível muito mais alto no tempo “depois”. Como cientista muito dedicado, com novos métodos de pesquisa em trabalhos de campo e alta ética profissional, Waibel enfatizou decisivamente o que ele aprendera no Brasil. Ele via o Brasil, o maior país tropical, a região ideal para sua planejada obra “geografia dos trópicos”. Alguns dos membros do seu grupo de trabalho como Orlando Valverde tornaram-se geógrafos conceituados no Brasil. Antes de deixar o Brasil em 1950, Leo Waibel convidou seu antigo assistente, Gottfried Pfeifer da Universidade de Heidelberg para estada de pesquisa no Brasil, iniciando com isso um longo e duradouro período de colaboração entre geógrafos brasileiros e alemães.
Citas
Bell S 2016. Prelude to Brazil: Leo Waibel´s American career as a displaced scholar. Geographical Review, 106 (1), 5-27.
Bernardes N 1952. Leo Waibel. Revista Brasileira de Geografia, 14 (2), 199-201.
Bernardes N 1983. Address delivered on the occasion of the closing session of the Second Latin-American Regional Conference of the IGU, Rio de Janeiro (20.08.1982). IGU-Bulletin, 33, 12-22.
Böhm H 1991. Leo Waibel. In H Böhm (org.). Beiträge zur Geschichte der Geographie an der Universität Bonn (Contribuições para a história da geografia na Universidade de Bonn) Colloquium Geographicum, 21. Bonn, Ferd. Dümmlers, 228-241.
CNG (Conselho Nacional de Geografia) 1939. Histórico da criação do Conselho Nacional de Geografia. Revista Brasileira de Geografia, 1 (1), 9-18.
CNG 1958/1979. Capítulos de geografia tropical e do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE.
Coy M, Klingler M, Kohlhepp G 2017. De frontier até pós-frontier: regiões pioneiras no Brasil dentro do processo de transformação espaço-temporal e sócio-ecológico. Confins (Revista franco-brasileira de geografia), 30, 1-48. Edição electrónica (http://confins.revues.org/11683).
Dutra e Silva S 2017. No Oeste, a terra e o céu: a expansão da fronteira agrícola no Brasil Central. Rio de Janeiro, Mauad X.
Dutra e Silva S, Bell S 2018. A colonização agrária no Brasil Central: fontes inéditas sobre as pesquisas de campo de Henry Bruman em Goiás na década de 1950. Topoi (Revista de História, Rio de Janeiro), 19 (37), 198-225.
Dutra e Silva S, Franco JL de A, Drummond JA 2015. Devastação florestal no oeste brasileiro: colonização, migração e a expansão da fronteira agrícola em Goiás. HIb. Revista de Historia Iberoamericana, 8, (2) 10-31.
Etges VE 2000. Geografia agrária: a contribuição de Leo Waibel. Santa Cruz do Sul, EDUNISC.
James PE 1938. The changing patterns of population in São Paulo State, Brazil. Geographical Review, 28, 353-362.
Kohlhepp G 1991. Espaço e etnia. Estudos Avançados, 5 (11),109-142, São Paulo.
Kohlhepp G 2013. A importância de Leo Waibel para a geografia brasileira e o início das relações científicas entre o Brasil e a Alemanha no campo da geografia. Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional, 1 (2), 29-75, Blumenau.
Kohlhepp G 2014. Colonização agrária no Norte do Paraná. Processos geoeconômicos e sociogeográficos de desenvolvimento de uma zona pioneira tropical do Brasil sob a influência da plantação do café. Maringá, Ed. da Universidade de Maringá.
Kohlhepp G 2017a. Orlando Valverde (1917-2006). Um geógrafo brasileiro de renome internacional – entusiasta e entusiasmante. In Suertegaray DMA et al. (org.): Orlando Valverde. O geógrafo e sua obra, 157-188, Porto Alegre, Geociências/ UFRGS.
Kohlhepp G 2017b. Hilgard O`Reilly Sternberg, um pioneiro nas pesquisas das questões ambientais no Brasil. Espaço Aberto. Revista do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRJ, 7 (1), 7-21.
Kohlhepp G 2017c. Nas trilhas de Leo Waibel: Pesquisas alemãs de Geografia Humana do Brasil – de Heidelberg à Tübingen (1950-2005). Revista Brasileira de Geografia, 62 (2), 7-24, Rio de Janeiro.
Pfeifer G (ed.) 1971. Symposium zur Agrargeographie anlässlich des 80.Geburtstags von Leo Waibel am 22.02.1968 (Simpósio da geografia agrária). Heidelberger Geogr. Arbeiten, 36. Heidelberg, Inst. Geogr.
Pfeifer G 1952. Das wirtschaftsgeographische Lebenswerk Leo Waibels (A obra de Leo Waibel na geografia econômica). Erdkunde, 6 (1), 1-20.
Pfeifer G, Kohlhepp G (eds.) 1984. Leo Waibel als Forscher und Planer in Brasilien: vier Beiträge aus der Forschungstätigkeit 1947-1950 (Leo Waibel como pesquisador e planejador no Brasil) (Trad. G Kohlhepp). Erdkundliches Wissen, 71. Wiesbaden, Stuttgart, Franz Steiner.
Turner FJ 1920. The frontier in American history. New York, Henry Holt & Co.
Valverde O 1964. Geografia agrária do Brasil. Rio de Janeiro, Inst. Nac. Estudos Pedag.
Valverde O 1971. Der Beitrag Leo Waibels zur brasilianischen Geographie (A contribuição de Leo Waibel para a geografia brasileira). In Pfeifer G (ed.) Symposium zur Agrargeographie. Heidelberger Geogr. Arb., 36. Heidelberg, 120-128.
Waibel L 1947. Uma viagem de reconhecimento ao Sul de Goiás. Revista Brasileira de Geografia, 9 (3), 313-342.
Waibel L 1948a. A vegetação e o uso da terra no Planalto Central. Revista Brasileira de Geografia, 10 (3), 335-380.
Waibel L 1948b. A teoria de von Thünen sobre a influência da distância do mercado relativamente à utilização da terra (sua aplicação à Costa Rica). Revista Brasileira de Geografia, 10 (1), 1-40.
Waibel L 1948c. Tagebuch Teil V: Reise in Paraná 1948 (Diário da viagem ao Paraná) (manuscrito original), 70-639 (arquivo do autor, GK).
Waibel L 1948d/1961. Contribuição ao problema da mudança da capital. O Jornal (Rio de Janeiro), 19.12.1948 (reedição em Boletim Geográfico, 19 (164), 1961, 612-617), sob o título “Determinismo geográfico e geopolítico”.
Waibel L 1949. Princípios da colonização européia no Sul do Brasil. Revista Brasileira de Geografia, 11 (2), 159-222.
Waibel L 1950. O que aprendi no Brasil. Revista Brasileira de Geografia, 12 (3), 419-428.
Waibel L 1952. A colonização dos Campos do Estado do Paraná. In C. R. Congr. Intern. de Géographie, Lisbonne 1949, t. IV, 61-66. Lisbonne, IGU.
Waibel L 1955a. Die europäische Kolonisation Südbrasiliens (A colonização européia no Sul do Brasil) (redação e prefácio de G Pfeifer). Colloquium Geographicum, 4. Bonn, Ferd. Dümmlers (versão ampliada de Waibel 1949).
Waibel L 1955b. As zonas pioneiras do Brasil. Revista Brasileira de Geografia, 17 (4), 389-422.
Willems E 1946. A aculturação dos alemães no Brasil. Brasiliana, 250. São Paulo, Cia. Ed. Nacional.
* Para a bibliografia completa de Leo Waibel e as apreciações sobre Leo Waibel vide: Pfeifer G, Kohlhepp G (eds.) 1984. Leo Waibel als Forscher und Planer in Brasilien (Leo Waibel como pesquisador e planejador no Brasil) (Trad. G Kohlhepp). Erdkundliches Wissen, 71. Wiesbaden, Stuttgart, Franz Steiner, 118-123.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
A partir da publicação realizada na revista os autores possuem copyright e direitos de publicação de seus artigos sem restrições.
A Revista Fronteiras: Journal of Social, Technological and Environmental Science segue os preceitos legais da licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.