Da Lama ao Bairro, do Bairro à Lama: A Transformação da Socionatureza Urbana do Manguezal de São Diogo, Rio de Janeiro (1840-1870)

Autores/as

  • Bruno Capilé Museu de Astronomia e Ciências Afins, MAST, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i3.p21-42

Palabras clave:

História Ambiental Urbana, Rio de Janeiro – Século XIX, Canal do Mangue

Resumen

A transformação do manguezal de São Diogo caracterizou-se num dos principais marcos da expansão urbana do Rio de Janeiro. Em meio à transformação do antigo estuário, podemos apontar dois principais interesses: um público, de expansão do território urbano, e o outro de uso privado, a partir da apropriação de suas águas para o despejo e o transporte de material da Companhia de Gás de Iluminação, do Barão de Mauá. No turbilhão de interesses, as teorias médicas moldaram as políticas imperiais de modificação do ambiente biofísico. O resultado foi a criação de um bairro com drásticas consequências ambientais derivadas dessas modificações. Da lama ao bairro, a Cidade Nova surgiu em meio a aterros e dessecamentos da antiga lama do mangue. Do bairro à lama, a região sofreu com o mau planejamento de redução de danos de enchentes e fortes chuvas. A lama persistiu em sua história.

Biografía del autor/a

Bruno Capilé, Museu de Astronomia e Ciências Afins, MAST, Brasil.

Doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Brasil. Pesquisador no Museu de Astronomia e Ciências Afins, MAST, Brasil.

Citas

FONTES PRIMÁRIAS
Abaixo-assinado a. Abaixo-assinado de moradores da Freguesia do Espírito Santo. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Códice 40.3.45, de 28 outubro de 1867.

Abaixo-assinado b. Abaixo-assinado de moradores da Freguesia de Santa Anna. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Códice 40.3.45, de 01 de novembro de 1867.

Almeida TJC 1877. Relatório do Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas do ano de 1876, Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Araújo MA 1882. Relatório do Ministério da Agricultura, Comércio e das Obras Públicas para o ano de 1881, Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Beaurepaire Rohan H 1967. Relatório apresentado a Ilustríssima Câmara Municipal pelo Visconde de Beaurepaire Rohan. Revista do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro 275; 201-232.

Belfort Roxo RT 1887. Relatório da Inspetoria Geral das Obras Públicas da Corte. In: Silva, Relatório do Ministério da Agricultura do ano de 1886, Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Bellegarde PA 1863. Relatório do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas para o ano de 1862, Typographia Perseverança, Rio de Janeiro.

Decreto nº 2.117 - de 6 de março de 1858. Approva o contracto celebrado com o Barão de Mauá para construcção de hum canal no mangue da Cidade Nova.

Holman WH 1870. Requerimento de William Henrique Holman, gerente da Rio de Janeiro Gas Company Limited, a Câmara Municipal. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Códice 9.1.9.

Império 1853. Parecer do Conselho de Estado dos Negócios do Império sobre a proposta de Irineu Evangelista de Souza e Portaria do Ministro do Império Luiz Pedreira do Couto Ferraz dirigida à Câmara Municipal. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Códice 40.3.44, de 22 de outubro de 1853.

Império 1856. Ofício da 3ª Seção do Ministério dos Negócios do Império. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Códice 40.3.45, de 16 de julho de 1856.

Império 1876. Livro de registros dos trabalhos executados pela Comissão Geral de Salubridade nomeada por João Alfredo Correia de Oliveira, ministro do Império, para o combate à febre amarela. Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional, códice Manuscritos 14,04,001, de 22 de janeiro de 1876.

Luccock J 1820. Notes on Rio de Janeiro and the Southern parts of Brazil: taken during a residence of ten years in that country, from 1808 to 1818. Samuel Leigh, London.

Mastromauro GC 2010. Alguns aspectos da saúde pública e do urbanismo higienista em São Paulo no final do século XIX. Cadernos de História da Ciência 6(2):45-63.

Mauá B 1854. Ofício de Irineu Evangelista de Souza a Luiz Pedreira do Couto Ferraz. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Códice 40.3.44.

Montalegre V 1851. Documento do Ministério dos Negócios do Império, em 15 de dezembro de 1851, assinado pelo Visconde de Montalegre. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Códice 9.1.2.

Moraes Filho AJM 1894. Código de Posturas: leis, decretos, editais e resoluções da Intendência Municipal do Districto Federal. Papelaria e Typographia Mont’Alverne, Rio de Janeiro.

Passos FP 1903. Planta dos melhoramentos projetados. Offic. Graph. E. Bevilacqua& C., Rio de Janeiro.

Passos FP, Moraes Jardim JR, Silva MR 1877. Segundo Relatório da Comissão de Melhoramentos da Cidade do Rio de Janeiro. In: Figueiredo JBC 1877. Relatório do Ministério dos Negócios do Império do ano de 1875, Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Paula Freitas A 1884. O saneamento da cidade do Rio de Janeiro. In: Maciel, Francisco Antunes. Relatório do Ministério dos Negócios do Império do ano de 1883, Anexo F, Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Penna AAM 1884. Relatório do Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas do ano de 1883, Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Pereira Rego J 1872. Esboço histórico das epidemias que tem grassado na cidade do Rio de Janeiro desde 1830 a 1870. Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Pereira Rego J 1877. Junta Central de Hygiene Pública – Relatório do presidente apresentado em 1876. In JBC Figueiredo. Relatório do Ministério dos Negócios do Império do ano de 1876. Typographia Nacional, Rio de Janeiro.
Pinto FM 2007. A invenção da Cidade Nova do Rio de Janeiro: agentes, personagens e planos. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Pinto Silva AC 1877. Relatório do Ministério dos Negócios do Império do ano de 1876. Typographia Montenegro, Rio de Janeiro.

Revy J 1886. Relatório sobre o Melhoramento do Canal do Mangue apresentado a S. EX. Sr Conselheiro Barão de Mamoré. Imprensa Nacional, Rio de Janeiro.

Silva RA 1889. Relatório do Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas do ano de 1888. Imprensa Nacional, Rio de Janeiro.

Viana AF 1872. O presidente da Câmara ao Município. Diario do Rio de Janeiro 55(119):01.

Viana JAF 1871. Ofício do diretor da Diretoria das Obras Municipais, de 03 de fevereiro de 1871. Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, Códice 40.3.45.

FONTES SECUNDÁRIAS

Almeida MA 2004. Memórias de um Sargento de Milícias. Ed. Ática, São Paulo.

Amador E 1996. Baía de Guanabara e ecossistemas periféricos: homem e natureza. Tese (Doutorado), Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Andreatta V 2006. Cidades quadradas, paraísos circulares: os planos urbanísticos do Rio de Janeiro no século XIX. Mauad X, Rio de Janeiro.

Bernardes LMC 1992. Evolução da Paisagem Urbana do Rio de Janeiro até o início do século XX. In M Abreu (org.). Natureza e Sociedade no Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esportes, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, Rio de Janeiro.

Cabral D 2011. Águas passadas: sociedade e natureza no Rio de Janeiro oitocentista. Ra’e Ga – o espaço geográfico em análise 23:159-190.

Carvalho LA 1995. Contribuição ao estudo das habitações populares: Rio de Janeiro (1886-1906). Secretaria de Cultura, Rio de Janeiro.

Chalhoub S 1996. Cidade Febril: cortiços e epidemias na Corte imperial. Companhia das Letras, São Paulo.

Domanska E 2013. Para além do antropocentrismo nos estudos históricos. Revistas Expedições: Teoria da História & Historiografia 4(1):9-26.

Edler F 2014. Ensino e profissão médica na corte de Pedro II. Universidade Federal do ABC, Santo André.

Ferreira LO 1994. João Vicente Torres Homem: descrição da carreira médica no século XIX. PHYSIS – Revista de Saúde Coletiva 4(1):57-77.

Foucault M 1979. O nascimento da medicina social. In M Foucault. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado, Edições Graal, Rio de Janeiro.

Gallini S, Osorio CC 2015. Modernity and the Silencing of Nature in Nineteenth-Century Maps of Bogotá, Journal of Latin American Geography 14(3):91-127.

Machado R, Loureiro A, Luz R, Muricy K 1978. A danação da norma: medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Edições Graal, Rio de Janeiro.

Margalef R 1978. Perspectivas de la teoria ecológica. Editorial Blume, Barcelona.

Marques EC 1995. Da higiene à construção da cidade: o Estado e o saneamento no Rio de Janeiro. História, Ciências, Saúde – Manguinhos 2(2):51-67.

Medeiros CVF 2015. A cidade e os miasmas: notas para uma genealogia da Medicina Social no Rio de Janeiro (1829-1906). História Revista 2:4-19.

Melosi M 1993. The Place of the City in Environmental History. Environmental History Review 17(1):1-23.

Odum EP 1976. Fundamentos de Ecologia. Fundação Calouste Gubenkian, Lisboa.

Rocha OP 1995. A era das demolições: cidade do Rio de Janeiro (1870-1920). Secretaria Municipal de Cultura, Rio de Janeiro.

Santos SP 2004. Os primórdios da cerveja no Brasil. Ateliê Editorial, Cotia.

Saraiva JA 1882. Relatório do Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas do ano de 1881. Typographia Nacional, Rio de Janeiro.

Sedrez L 2005. The 'Bay of All Beauties': Nature and State in Guanabara Bay, Rio de Janeiro, Brazil, 1875-1975. Tese (Doutorado), Stanford University, Palo Alto.

Sedrez L 2013. Urban Nature in Latin America: Diverse Cities and Shared Narratives. RCC Perspectives 2013:59-65.
Swyngedouw E 2001. A cidade como um híbrido: natureza, sociedade e “urbanização-cyborg”. In H Acselrad (org.). A duração das cidades: sustentabilidade e risco nas políticas urbanas. DP&A Editora, Rio de Janeiro.

Swyngedouw E 2006. Metabolic urbanization: the making of cyborg cities. In N Heynen, M Kaika, E Sweyngedouw (eds). In the nature of cities: urban political ecology and the politics of urban metabolism. Routledge Press, New York.
Tarr J 2001. Urban History and Environmental History in the United States: Complementary and Overlapping Fields. In C Bernhardt (org.). Environmental Problems in European Cities of the 19th and 20th Century. Waxmann, Muenster, New York/Muenchen/Berlin, p. 25-39.

FONTES COMPLEMENTARES DE PESQUISA

Bourdieu P 1989. O poder simbólico. Editora Bertrand Brasil, Rio de Janeiro.

White R 1995. Organic Machine: The remaking of the Columbia River. Hill and Wang, New York.

Publicado

2018-12-24

Cómo citar

CAPILÉ, Bruno. Da Lama ao Bairro, do Bairro à Lama: A Transformação da Socionatureza Urbana do Manguezal de São Diogo, Rio de Janeiro (1840-1870). Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 7, n. 3, p. 21–42, 2018. DOI: 10.21664/2238-8869.2018v7i3.p21-42. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/2781. Acesso em: 23 nov. 2024.

Número

Sección

Dossiê - História e Natureza na América Latina