Estado, Filantropia e Hanseníase: A Centralização da Assistência aos Atingidos pela Doença

Autores

  • Roseli Martins Tristão Maciel Universidade Estadual de Goiás
  • Leicy Francisca da Silva

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2020v9i2.p397-419

Palavras-chave:

Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra; institucionalização; saúde.

Resumo

Analisamos neste artigo o processo de elaboração de medidas centralizadas de combate a lepra, no Brasil, no período posterior a 1930, quando a organização do Estado nacional sob os parâmetros do Estado capitalista moderno, separando as esferas, pública e privada, busca a racionalização e burocratização da administração pública. A questão que pontua nossa leitura é como se empreende a relação entre o Estado e as instituições filantrópicas surgidas na década de 1920? Observamos que o Estado racional moderno busca institucionalizar, organizar num quadro legal, e definir por meio de projetos e medidas as ações destinadas a profilaxia e controle daquela enfermidade. A discussão sobre o modelo de assistência e instituição competente para tal desiderato foi o mote para uma disputa envolvendo o Estado e os representantes pelas ações filantrópicas e privadas anteriormente constituídas. Desta luta, resulta a centralização, a regulamentação da política antileprótica e a constituição do Serviço Nacional de Lepra e do seu Plano Nacional de Combate à Lepra. Essa monopolização se dá em âmbito federal e abarca inclusive as ações assistenciais e filantrópicas na Federação das Sociedades de Assistência aos Lázaros e Defesa contra a Lepra, diretamente subordinada aos órgãos do Estado nacional brasileiro, precisamente ao Ministério da Educação e Saúde Pública.

Referências

BRASIL. (decreto 16.300). Regulamento do Departamento Nacional de Saúde Pública, 1920.
CABRAL, D. Lepra, medicina e política de saúde no Brasil (1894-1934). – Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2013.
CASTEL, R. A metamorfose da questão social. Petrópolis: Vozes, 1999.
CUNHA, VS. O Isolamento Compulsório em Questão. Dissertação de Mestrado – Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.
CURI, LM. “Defender os sãos e consolar os lázaros”: lepra e isolamento no Brasil 1935/1976. Universidade Federal de Uberlândia – Pós-graduação em História. – Uberlândia, 2002.
DONZELOT, J. A Polícia das Famílias. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
GODELIER, M. A. O Enigma do Dom. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2001.
GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo, Editora Perspectiva, coleção debates 7ºed., 2001.
HALL, P e TAYLOR, RCR. Political Science and the three new institucionalisms. Political studies. Vol. XLIV, n. 5, p. 936-957, dez., 1996.
HAM, C; HILL, M. The policy process in the modern capitalist state. Londres: 1993.
HOCHMAN, G. Reformas, instituições e políticas de saúde no Brasil (1930-1945). Educar, Curitiba, n. 25, p. 127-141, 2005.
HOLANDA, SB. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
LUZ, MT. A Saúde e as Instituições no Brasil. In: GUIMARÃES, Reinaldo. Saúde e Medicina no Brasil:Contribuição para um debate. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
MACIEL, MES. A Eugenia no Brasil. Anos 90.Porto Alegre, n.11, jul/1999. Disponível em: <www.seer.ufrg.br/anos90/article/viewFile/6545/3897>.
MESTRINER, ML. O Estado entre a filantropia e a assistência social. Editora Cortez, 2005.
MIRANDA, MAT. Alice Tibiriçá: lutas e ideias. PLG comunicação, 1980.
MONTEIRO, YN. Da Maldição Divina a Exclusão Social: um estudo da hanseníase em São Paulo. São Paulo, (Doutorado em História), USP, 1995.
MOTT, ML. Gênero, medicina e filantropia: Maria Rennotte e as mulheres na construção da nação. Cadernos Pagu (24), janeiro-junho de 2005.
MOTT, ML. Maternalismo, políticas públicas e benemerência no Brasil (1930-1945). Cadernos Pagu (16) 2001: pp.199-234.
PIERSON, P. Increasing Returns, Path Dependence, and the Study of Politics. The American Political Science Review. V.94, n.2, p.251-267, Jun. 2000.
PIERSON, P. Increasing Returns, Path Dependence, and the Study of Politics. The American Political Science Review. V.94, n.2, p.251-267, Jun. 2000.
SANGLARD, GP. Entre os salões e o laboratório: Filantropia, mecenato e práticas científicas - Rio de Janeiro, 1920-1940. - Rio de Janeiro, (Doutorado em História das Ciências da Saúde) Casa de Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, 2005.
SANTOS, VSM. Filantropia, poder público e combate à lepra (1920-1945). História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.18, supl. 1, dez. 2011, p.253-274.
TIBIRIÇÁ, A. Como eu vejo o problema da lepra: e como me vêem os que o querem “manter”. São Paulo, editado pela Sociedade de Assistência aos Lázaros e Defesa Contra a Lepra, 1934.
WEBER, M. Economia e Sociedade.Brasília-DF: UNB, v.1, 1994.

Downloads

Publicado

2020-08-31

Como Citar

MACIEL, Roseli Martins Tristão; DA SILVA, Leicy Francisca. Estado, Filantropia e Hanseníase: A Centralização da Assistência aos Atingidos pela Doença. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 9, n. 2, p. 397–419, 2020. DOI: 10.21664/2238-8869.2020v9i2.p397-419. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/3952. Acesso em: 4 maio. 2024.