Plantas Fungicidas Utilizadas em Comunidades Rurais da Região Sul do Piauí, Nordeste do Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2021v10i3.p145-154

Palavras-chave:

flora medicinal, etnomicologia, terapia natural

Resumo

Mediante estudo etnobotânico, objetivou-se listar plantas utilizadas para tratamento de infecções fúngicas em comunidades rurais do Nordeste do Brasil. Utilizou-se formulários semiestruturados, envolvendo 176 pessoas (99 do gênero feminino e 77 do masculino). Realizou-se turnês-guiadas para coletas e as exsicatas foram incorporadas ao Herbário Graziela Barroso (TEPB), da Universidade Federal do Piauí. Analisou-se os dados no NTSYSpc v.2.10t. Obteve-se 175 citações, identificando 36 espécies, distribuídas em 24 famílias e 35 gêneros. 84% são indicadas para tratamento de micoses em humanos, 10% em animais e 6% para fitopatógenos. Das plantas citadas, 54% são nativas, sendo a folha a parte mais usada (54%). As preparações foram cataplasma (55%), in natura (36%), decocção (5%) e a maceração (3%). Verificou-se que há diferença de conhecimento do número de espécies entre as comunidades, sendo Tamboril e Capim as mais similares.  O saber popular sobre plantas fungicidas tem potencial interesse para a medicina humana e veterinária.

Biografia do Autor

Santina Barbosa de Sousa, Universidade Federal do Piauí

Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (DDMA) – Associação Plena em Rede (PRODEMA/CGPG/TROPEN) - Doutorado

Roseli Farias Melo de Barros, Universidade Federal do Piauí

Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (DDMA) – Associação Plena em Rede (PRODEMA/CGPG/TROPEN) e de Centro de Ciências Naturais da Universidade Federal do Piauí

Laíse de Holanda Cavalcanti Andrade, Universidade Federal de Pernambuco

Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Pernambuco.

João Batista Lopes, Universidade Federal do Piauí

Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (DDMA) – Associação Plena em Rede (PRODEMA/CGPG/TROPEN) e do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí

Referências

Aguiar LCGG, Barros RFM 2012. Plantas medicinais cultivadas em quintais de comunidades rurais no domínio do cerrado piauiense (Município de Demerval Lobão, Piauí, Brasil). Revista Brasileira de Plantas Medicinais 14(3): 419-434.
Albuquerque UP, Andrade LHC 2002. Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil. Acta Botanica Brasilica 16(3):273-285.
Almeida MZ 2011. Plantas medicinais. 3rd ed, EDUFBA, Salvador, 221 pp.
Almeida CF, Amorim ELC, Albuquerque UP, Maia MBS 2006. Medicinal plants populary used in the Xingó region – a semi-arid location in Northeastern Brazil. Journal of Etnobiology and Ethnomedicine 2(14): 1-7.
Apolinário F 2006. Introdução à análise quantitativa de dados: Metodologia científica – filosofia e prática da pesquisa, Thomson Leaming, São Paulo, 209 pp.
Araújo HTN, Brito SF, Pinheiro CL, Medeiros Filho AS 2017. Alelopatia aumenta o potencial invasor de Cryptostegia madagascariensis Bojer ex Decne? Enciclopédia Biosfera 4(25): 1-12.
Araújo LA, Mrué F, Neves RA, Alves MM, Silva-Júnior NJ, Silva MSB, Melo-Reis PR 2015. Efeitos do tratamento tópico com o látex da Euphorbia tirucalli na sobrevida e nas aderências intestinais de ratos com peritonite experimental. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva 28(4): 243-246.
Baptistel AC, Coutinho JMCP, Lins Neto EMF, Monteiro JM 2014. Plantas medicinais utilizadas na Comunidade Santo Antônio, Currais, Sul do Piauí: um enfoque etnobotânico. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 16(2) supl. I: 406-425.
Barbosa PBBM 2014. Atividades biológicas de extratos salinos de sementes de plantas da Caatinga conta Aedes aegypti e investigação da participação de proteínas bioativas. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 159pp.
Barata L 2005. Empirismo e ciência: fonte de novos fitomedicamentos. Revista Ciência e Cultura 57(4): 4-5.
Bernard HR 1988. Research methods in cultural Anthropology. Newbury Park: SAGE Publications Inc, 520 pp.
Borges RM, Moreira RPM 2016 Estudo etnobotânico de plantas medicinais no município de Confresa Mato Grosso, Brasil. Biodiversidade 15(3): 68-92.
Brasil 2021 Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira. 2ª ed, Anvisa, Brasília, 223pp.
Brito MFM, Marín EA, Cruz DD 2017. Plantas medicinais nos assentamentos rurais em uma área de proteção no litoral do nordeste brasileiro. Ambiente & Sociedade 20(1): 83-104.
Brito AS, Coutinho HDM, Barros ARC, Rodrigues FFG, Costa J G M 2010. Prospecção fitoquímica e avaliação da atividade antibacteriana e toxicidade do látex de Calotropis procera (Asclepidaceae). Caderno de Cultura e Ciências, Ano IV. 2(2): 31-39.
Brú J, Guzman D 2016. Folk medicine, phytochymistry and pharmacological application of Piper Marginatum. Brazilian Journal of Pharmacognosy, 26(1): 767–779.
Carvalho Neto MF, Gervásio RCRG, Araujo ECC, Almeida JC, Guimarães A L 2017. Phytochemical profile of cansanção nettle extracts and their bioactivities on cabbage caterpillar. Pesquisa Agropecuária Brasileira 52(10): p.841-848.
Cepro-Fundação Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí 2018. Perfil dos municípios. Disponível em http://www.cepro.pi.gov.br/diagsoceco.php, acesso 04 de julho de 2018.
Cronquist A 1981. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. Columbia University Press, New York, p. 248-250.
Fagundes NCA, Oliveira G L, Souza B G 2017. Etnobotânica de plantas medicinais utilizadas no distrito de Vista Alegre, Claro dos Poções – Minas Gerais. Revista Fitos 11(1):62- 80.
Faria FA, Bueno CJ, Papa MFS 2009. Atividade fungitóxica de Momordica charantia L. no controle de Sclerotium rolfsii Sacc. Acta Scientiarum Agronomy 31(3): 383-389.
Fenner R, Betti AH, Mentz LA, Rates SMK 2006. Plantas utilizadas na medicina popular brasileira com potencial atividade antifúngica. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas 42(3): 369-394.
Ferreira TC, Cunha ALA, Correa EB 2015. Bioatividade de extratos vegetais contra patógenos de sementes de amendoim. Ciência Agrícola 13(1): 19-25.
Franco EAP, Barros RFM 2006. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 8(3): 78-88.
Fonseca MCM, Lehner MS, Gonçalves MG, Paula Júnior TJ, Silva AF, Bonfim FPG, Prado AL 2015. Potencial de óleos essenciais de plantas medicinais no controle de fitopatógenos. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 17(1): 45-50.
Jucá TL, Cunha MAS, Cavalcante EA, Ramos MV 2017. Aspectos etnobotânicos e potencial farmacológico de plantas laticíferas localizadas no sítio São Vicente, município de Santana do Matos, Rio Grande do Norte. Revista Extensão & Sociedade 8(2): 49-58.
Gomes TB, Bandeira FPSF 2012. Uso e diversidade de plantas medicinais em uma comunidade quilombola no Raso da Catarina, Bahia. Acta Botanica Brasilica 26(4): 796-809.
Hernández DGG, Cárdenas A O, Star MJ, Licea Q, Rivas CL, González EG, Morales CR 2015. Actividad fungicida, antioxidante e identificación de los compuestos más activos de 20 plantas utilizadas en la medicina tradicional Mexicana. Revista Mexicana de Ciências Farmacêutica 46(3):73-79.
Lázaro SF, Fonseca LD, Fernandes RC, Tolentino JS, Martins ER, Duarte ER 2012. Efeito do extrato aquoso do algodão de seda (Calotropis procera Aiton) sobre a eficiência reprodutiva do carrapato bovino. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 14(2): 302-305.
Leite IA, Marinho MGV 2014. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em comunidade indígena no município de Baía da Traição-PB. Biodiversidade 13(1):82-105.
Leite VI, Oliveira CDM, Figueiredo JG, Farias PAM, Relison S, Matias EFF, Aquino PEA, Coutinho HDM, Ferreira JVA, LIMA LF, Figueredo FG 2015. Caracterização química e avaliação da atividade antioxidante, antifúngica e moduladora do extrato etanólico de Anadenanthera macrocarpa (Berth) Brenan. Revista Cubana de Farmacia 49(4): 719-733.
Lima-Mendonça A, Broglio SMF, Araújo AMN, Lopes DOP, Dias-Pini NS 2013. Efeito de pós vegetais sobre Sitophilus zeamais (Mots., 1855) (Coleoptera: Curculionidae). Arquivos do Instituto Biológico 80(1): 91-97.
LPWG. A new subfamily classification of the Leguminosae based on a taxonomically comprehensive phylogeny 2017. Taxon 66(1): 44-77.
Marrassini C, Gorzalczany S, Ferraro G 2010. Actividad analgésica de dos especies de Urtica con usos etnomédicos en la República Argentina. Dominguezia 26(1): 21-29.
Medeiros PM, Ramos MA, Soldati GT, Albuquerque UP 2013. As abordagens ecológicas-evolutivas em etnobiologia: história e conceito. In: Albuquerque UP 2013 (Orgs). Etnobiologia: bases ecológicas e evolutivas. Recife-PE: NUPEEA, p.15-36.
Melo MSF, Rocha CQ, Santos MH, Chavasco JM, Chavasco JK 2012. Pesquisa de bioativos com atividade antimicrobiana nos extratos hidroetanólicos do fruto, folha e casca de caule do Zizyphus joazeiro Mart. Revista da Universidade Vale do Rio Verde 10(2): 43-51.
Monteles R, Pinheiro CUB 2007. Plantas medicinais em um quilombo maranhense: uma perspectiva etnobotânica. Revista de Biologia e Ciências da Terra 7(2): 38-48.
Mossini SAG, Kemmelmeier C. A árvore Nim (Azadirachta indica A. Juss): múltiplos usos 2005. Acta Farmaceutica Bonaerense 24(1): 139-148.
Mori SA, Rabelo BV, Tsou C, Daly D 1989. Composition and structure of an eastern amazonian forest at Camaipi, Amapa, Brazil. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, série Botânica 5(1): 3-18.
Mourão AS, Zanuncio JC, Silva JCT, Jham GN 2004. Nim indiano (Azadirachta indica): mil utilidades. Boletim de Extensão, Viçosa: UFV, 26 pp.
Nascimento AM, Lopes LM, Sousa A H 2016. Bioatividade de inseticidas botânicos para Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). Revista de Biologia e Ciências da Terra 16(2):19-25.
Oliveira JC 2012. Tópicos em micologia médica. 3ª ed. Control Lab, Rio de Janeiro, 255 pp.
Oliveira FCS, Barros RFM, Moita Neto JM 2010. Plantas medicinais utilizadas em comunidades rurais de Oeiras, semiárido piauiense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 12(3): 282-301.
Pérez-Portero Y, Vásquez-Dávila A, López FS, Leblanch ER, Bou YB 2009. Plantas antidermatofÍticas, utilizadas en comunidades costeras del municipio Guamá, Santiago de Cuba. Etnobiología 7(1): 56-62.
Pinto EPP, Amorozo MCM, Furlan A 2006. Conhecimento popular sobre plantas medicinais em comunidades rurais de mata atlântica – Itacaré, BA, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(4): 751-762.
Rates SM 2001. Plants as source of drugs. Toxicon 39(5): 603-13.
Rocha JRS 2008. Micologia. UFPI/UAPI, Teresina, 88 pp.
Rodrigues E, Rodrigues E 2018. Ecologia numérica. EDUFPI, Teresina, 120 pp.
Rodrigues AP, Andrade LHC 2014. Levantamento etnobotânico das plantas medicinais utilizadas pela comunidade de Inhamã, Pernambuco, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 16(3): 721-730.
Rohlf FJ 2000. NTSYSpc: Numerical Taxonomy and Multivariate Analysis System, version 2.10t. Temecula: Applied Bioestatistics Inc.
Santos SLDX, Alves RRN, Santos SLDX, Barbosa JAA, Brasileiro TF 2012. Plantas utilizadas como medicinais em uma comunidade rural do semiárido da Paraíba, Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Farmácia 93(1): 68-79.
Schuch LFD, Wiest JM, Garcia EM, Prestes LSP, Schramm RC, Coimbra H, Meireles MCA 2008. Atividade antifúngica de extratos de plantas utilizadas por agricultores familiares como antimicrobianas. Acta Scientiae Veterinariae 36(3): 267-271.
Silva HD, Souza MDC, Giustolin TA, Alvarenga CD, Fonseca ED, Damasceno AS 2015. Bioatividade dos extratos aquosos de plantas às larvas da mosca-das-frutas, Ceratitis capitata (Wied.). Arquivo do Instituto Biológico 82: 1-4.
Silva CG, Marinho MGV, Lucena MFA, Costa JGM 2015. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais em área de Caatinga na comunidade do Sítio Nazaré, município de Milagres, Ceará, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 17(1): 133-142.
Silva VG 2000. O Antropólogo e sua magia. Ed. Edusp, São Paulo, 200pp.
Soldati GT 2013. Transmissão de conhecimento: origem social das informações e da evolução cultural. In: ALBUQUERQUE, U. P. 2013. (Orgs). Etnobiologia: bases ecológicas e evolutivas. Recife-PE: NUPEEA, p.15-36.
Tortora GJ, Funke BR, Case CL 2012. Microbiologia. Artmed, 934 pp.
Verma DK, Tripathi VJ, Rana BK 1998. Antifungal activity of the seed coat extract of Azadirachta indica. Indian jornal of Pharmaceutical Science 60(5): 305-306.
Vásquez SPF, Mendonça MS, Noda SN 2014. Etnobotânica de plantas medicinais em comunidades ribeirinhas do município de Manacapuru, Amazonas, Brasil. Acta Amazônica 44(4): 457-472.
Veiga Junior V, Pinto AC, Maciel MAM 2005. Plantas medicinais: cura segura? Química Nova, 28(3): 519-528.
Yunes RA, Cechinel Filho V 2001. Breve análise histórica da química de plantas medicinais: sua importância na atual concepção de fármaco segundo os paradigmas ocidental e oriental. In: Yunes, R. A., Calixto, J.B. (Orgs.) Plantas medicinais sob a ótica da química medicinal moderna. Chapecó, Brasil: Argos, p. 18-44.

Downloads

Publicado

2021-12-28

Como Citar

SOUSA, Santina Barbosa de; BARROS, Roseli Farias Melo de; ANDRADE, Laíse de Holanda Cavalcanti; LOPES, João Batista. Plantas Fungicidas Utilizadas em Comunidades Rurais da Região Sul do Piauí, Nordeste do Brasil. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 10, n. 3, p. 145–154, 2021. DOI: 10.21664/2238-8869.2021v10i3.p145-154. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/3646. Acesso em: 27 abr. 2024.