As Inovações Tecnológicas Podem Mudar a Natureza da Crise Ambiental?

Autores

  • Elimar Pinheiro do Nascimento Universidade de Brasília, UnB, Brasil.; Universidade Federal da Amazônia, UFAM, Brasil.
  • Cíntia Alvim Lage Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2019v8i2.p212-226

Palavras-chave:

Inovações Tecnológicas, Crise Ambiental, Desenvolvimento Sustentável

Resumo

Todas as sociedades vivenciam, em seu imaginário, um grande medo, que muda com o tempo. Em meados do século passado o grande medo era a guerra atômica. Atualmente, é a crise ambiental. O mundo encontra-se na iminência de mudar seu grande medo, graças a velocidade das inovações tecnológicas, com máquinas inteligentes, que modificam nossa forma de produzir, consumir e viver. Aqui se desenha a seguinte hipótese: se as previsões quanto à maioria das inovações tecnológicas se concretizarem nas próximas duas ou três décadas, o nosso imaginário conhecerá um deslocamento, com o fim da ameaça da crise ambiental e o surgimento da ameaça decorrente de um mundo sem trabalho, mas com abundância de bens produzidos por máquinas. O medo do aquecimento global poderá ser substituído, assim, pelo medo do fim da igualdade, com a criação da dissemelhança entre os humanos produtivos e a “classe dos inúteis”. O esgarçamento do princípio da igualdade traria consigo ameaça de disrupção nas bases da sociedade moderna. Não se trata de nenhuma profecia, mas uma simples hipótese de futuro.

Biografia do Autor

Elimar Pinheiro do Nascimento, Universidade de Brasília, UnB, Brasil.; Universidade Federal da Amazônia, UFAM, Brasil.

Doutorado em Sociologia pela Université René Descartes, Paris V, França. Professor na Universidade de Brasília, UnB, Brasil.; e na Universidade Federal da Amazônia, UFAM, Brasil.

Cíntia Alvim Lage, Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Mestrado em andamento em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Referências

Almeida LT 2012. Economia verde: a reiteração de ideias à espera de ações. Estudos avançados, 26(74): 93-103.

Almeida ML 2018. O que é economia verde? Mapeando a disputa pelo conceito. Dissertação de Mestrado. Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável/Universidade de Brasília.

Bastos TR 2015. 15 usos de drones na agricultura e na pecuária. Globo Rural, Editora Abril. [acessado em Jan 2018]. Disponível em: http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Pesquisa-e-Tecnologia/noticia/2015/05/15-usos-de-drones-na-agricultura-e-na-pecuaria.html.

Bauman Z 2001. Modernidade líquida. Zahar, São Paulo.

Beck U 2001. La société de risque. Sur la voie d’une outre modernité. Aubir, Paris.

Bernardi AC, Naime JM, Resende AV, Bassoi LH, Inamasu RI 2014. Agricultura de precisão: resultados de um novo olhar. Embrapa, Brasília.

Bhat ZF, Kumar S, Hina F 2015. In vitro production: Challenges and benefits over conventional meat production. Journal of Integrative Agriculture, 14(2):241-248.

Bourdieu P 2012. Sur l’Etat. Paris, seuil.

Brundtland GH 1987. Our Common Future. 1.ed. World Commission on Environment and Development, Geneva.

Buarque C 1993. O que é apartação: o apartheid social no Brasil. Brasiliense, São Paulo.

Castells M 1998. L’ère de l’Information. Vol.1. La société en réseaux. Fayard, Paris.

Coppin B 2015. Inteligência artificial. LTC, Rio de Janeiro.

Datar I, Betti M 2010. Possibilites for an in vitro meat production system. Innovative Food Science & Emerging Technologies, 11(1):13-22.

Dettinger M [homepage na internet]. Let´s go Solar Climate [acesso 2018]. Change & Solar – The argument for Clean Energy Choices. Disponível em: https://www.letsgosolar.com/consumer-education/climate-change-solar/.

Evenson RE, Gollin D 2003. Assessing the impact of the Green Revolution, 1960 to 2000. Science, 300(5620):758-762.

FEM (Fórum Econômico Mundial) 2015. Deep Shift – Technoloy Tipping Points and Societal Impact. Survey Report. Global Agenda Council on the Future of Software and Society.

Ford M 2016. Robôs: a ameaça de um mundo sem emprego. Bertrand editora, São Paulo.

Frank M, Roehrig P, Pring B 2017. What to Do When Machines Do Everything: How to Get Ahead in a World of AI, Algorithms, Bots and Big Data. John Willey & Sons, Nova Jersey.

Georgescu-Roegen N 1971. The Entropy Law and the Economic Process. Harvard University Press, Cambridge, MA.

Georgescu-Roegen N 2012. O decrescimento: entropia, ecologia, economia. Secnas, São Paulo.

Gilding P 2011. The great disruption. Kobo editions, Canada.

Harari YN 2016. Homo Deus: uma breve história do amanhã. Cia das Letras, São Paulo.

Harari YN 2018. 21 lições para o século 21. São Paulo, Cia das Letras.

Hawking S 2017. 8 previsões de Stephen Hawking sobre o fim do mundo. Uol, Ciência e Saúde, 2017. [Acessado em Jan 2018]. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2017/11/28/10-previsoes-de-stephen-hawking-sobre-o-fim-do-mundo.htm.

Huesemann M, Huesemann J 2011. Techno-fix: why technology won't save us or the environment. New Society Publishers, Canadá.

Jackson RB, Canadell JG, Le Quéré C, Andrew RM, Korsbakken JI, Peters GP, Nakicenovic N 2015. Reaching peak emissions. Nature Climate Change, 6(1):7-10.

Jornal Valor Econômico 2018. A cotação do preço (USD) por barril (Brent). [Acessado em Set 2018]. Disponível em: https://www.valor.com.br/valor-data/tabela/5854/petroleo.

Kallis G 2011. In defence of degrowth. Ecological Economics, 70(5):873-880.

Kurzweil R 2005. The singularity is near: When Humans Transcend Biology. Viking, Londres.

Latouche S 2006. Le pari de la Décroissance. Fayard, Paris.

Latouche S 2009. Pequeño tratado del decrecimiento sereno. Icaria, Barcelona.

Liberation. [homepage na Internet]. Une France avec 100% de energie removable. [Acesso 2017] Disponível em: http://www.liberation.fr/futurs/2017/01/25/une-france-sobre-en-energie-et-100-renouvelables-en-2050-les-pistes-tres-concretes-de-negawatt1543793.

Lopez-Portillo Romano JR 2018. La gran transición. Retos y oportunidades del cambio tecnológico exponencial. FCE, Mexico.

Martinez-Alier J 2012. Justiça ambiental e decrescimento econômico: a aliança dos dois movimentos. In P Léna, EP Nascimento. Enfrentando os limites do crescimento: Sustentabilidade, decrescimento e prosperidade. Garamond, Rio de Janeiro.

Martínez-Alier J, Pascual U, Vivien FD, Zaccai E 2010. Sustainable de-growth: Mapping the context, criticisms and future prospects of an emergent paradigm. Ecological Economics, 69(9):1741–1747.

Mishra D [homepage na Internet]. Advisian [publicação fev 2018; acesso 2018]. The cost of desalination. Disponível em: https://www.advisian.com/en-us/global-perspectives/the-cost-of-desalination.

Nascimento EP 1994. Hipóteses sobre a nova exclusão social: dos excluídos necessários aos excluídos desnecessários. Caderno CRH, 7(21):29-47.

Nascimento EP 2012. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos avançados, 26(74):51-64.

Nascimento EP, Colares G 2009. Décroissance: qual a consistência? Disponível em: http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/VIII/GT3-32-104-20090717100030.pdf.

ONU [homepage na Internet]. Nações Unidas Brasil [publicação mar 2016; acesso 2018]. Brasil é um dos dez maiores investidores em energia renovável do mundo, aponta relatório do PNUMA. Disponível em: https://nacoesunidas.org/brasil-e-um-dos-dez-maiores-investidores-em-energia-renovavel-do-mundo-aponta-relatorio-do-pnuma/.

Orwell G 2009. 1984. Cia das Letras, São Paulo.

Pachauri RK, Meyer L (eds.) 2014. Climate Change 2014: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. IPCC, Geneva, Switzerland, 151 p.

Ripple WJ, Wolf C, Newsome TM, Galetti M, Alamgir M, Crist E, Mahmoud MI, Laurance WF 2017. World Scientists’ Warning to Humanity: A Second Notice. BioScience, 67(12):1026–1028.

Rossi P 1999. Naufrágios sem espectador. A ideia de progresso. Ed. Unesp, São Paulo.

Salmon JM 2002. Um mundo a grande velocidade. Ambar, Porto.

Schwab K 2016. A quarta revolução industrial. Edipro, São Paulo.

Shiva V 2016. The violence of the green revolution: Third world agriculture, ecology, and politics. University Press of Kentucky, Kentucky.

Solomon S, Qin D, Manning M, Marquis M, Averyt K, Tignor MMB, Miller Jr. HLR, Chen Z (eds.) 2007. Climate change 2007: The physical science basis. Contribution of Working Group I to the fourth assessment report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Intergovernmental Panel on Climate Change, Canadá.

Solow RM 1988. Growth Theory and After. The American economic review, 78(3):307-317.

Solow RM 2000. Growth theory: an exposition. Oxford University Press, Oxford.

Talbot D 2015. Megascale Desalination: The world’s largest and cheapest reverse-osmosis desalination plant is up and running in Israel. MIT Technology Review.

Tendler S 2014. O veneno está na mesa I e II. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mIws VL75m8c e https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtv G4.

The Guardian 2016. China coal consumption drops again. Disponível em: https://www.theguardian.com/ environment/2016/feb/29/china-coal-consumption-drops-again.

The Guardian 2018. New York City plans to divest $5bn from fossil fuels and sue oil companies. Disponível em: https://www.theguardian.com/us-news/2018/jan/10/new-york-city-plans-to-divest-5bn-from-fossil-fuels-and-sue-oil-companies.

The New York Times 2018. China’s Emissions: More Than U.S. Plus Europe, and Still Rising. Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/01/25/business/china-davos-climate-change.html.

Thrun S 2002. Robotic mapping: a survey. In B Nebel, G Lakemeyer. Exploring Artificial Intelligence in the New Millennium. Morgan Kaufmann, San Diego.

WMO (World Meteorological Organization) 2017. Greenhouse Gas Bulletin. Número 13. Disponível em: https://library.wmo.int/doc_num.php?explnum_id=4022.

Zanoni M, Ferment G 2011. Transgênico para quem? Agricultura, Ciência, Sociedade. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.

Downloads

Publicado

2019-05-01

Como Citar

PINHEIRO DO NASCIMENTO, Elimar; ALVIM LAGE, Cíntia. As Inovações Tecnológicas Podem Mudar a Natureza da Crise Ambiental?. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 8, n. 2, p. 212–226, 2019. DOI: 10.21664/2238-8869.2019v8i2.p212-226. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/3206. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Tecnologias, Inovação e Sustentabilidade