O Nicho das Ecovilas no Brasil: Comunidades isoladas ou em diálogo com a sociedade?

Autores

  • Rebeca Roysen Universidade de Brasília, UnB, Brasil.
  • Frédéric Mertens Universidade Federal do Amazonas, UFAM / Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2017v6i3.p99-121

Palavras-chave:

Nichos de Base, Difusão de Inovações, Análise de Redes Sociais

Resumo

As ecovilas desenvolvem práticas relacionadas às dimensões ecológica, social/comunitária e cultural/espiritual da sustentabilidade. Associadas com o movimento hippie da década de 1970, tendem a ser vistas como comunidades isoladas da sociedade mais ampla. Este artigo questiona essa suposição e busca investigar se o nicho das ecovilas no Brasil é um conjunto de comunidades isoladas ou se estabelecem relações entre si e com outros atores da sociedade para trocas de informações sobre práticas socioambientais e desenvolvimento sustentável. A partir de um levantamento das ecovilas no território brasileiro e da análise de suas redes sociais, descobriu-se que as ecovilas brasileiras trocam informações com diversos setores da sociedade. Os resultados deste estudo demonstram que o nicho das ecovilas no Brasil, embora crie “espaços protegidos”, não está isolado dos processos políticos e sociais dos regimes, sendo atores importantes a serem incluídos nos debates sobre os rumos para o desenvolvimento sustentável.

Biografia do Autor

Rebeca Roysen, Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Doutorado em andamento em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Frédéric Mertens, Universidade Federal do Amazonas, UFAM / Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Doutorado em Sciences de l'Environnement pela Université du Québec à Montréal, UQAM, Canadá. Docente na
Universidade Federal do Amazonas, UFAM; e na Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

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Publicado

2018-02-02

Como Citar

ROYSEN, Rebeca; MERTENS, Frédéric. O Nicho das Ecovilas no Brasil: Comunidades isoladas ou em diálogo com a sociedade?. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 6, n. 3, p. 99–121, 2018. DOI: 10.21664/2238-8869.2017v6i3.p99-121. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/2463. Acesso em: 15 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Desenvolvimento Sustentável e Ecoempreendedorismo