Plantas Medicinais de Uso Popular na Comunidade Quilombola de Piracanjuba - Ana Laura, Piracanjuba, GO

Autores

  • Brenda Oliveira Guimarães Faculdade de Piracanjuba, FAP, Brasil.; Universidade Estadual de Goiás, UEG, Brasil.
  • Ana Paula de Oliveira Universidade Federal de Goiás, UFG, Brasil.
  • Isa Lucia de Morais Universidade Estadual de Goiás, UEG, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2019v8i3.p196-220

Palavras-chave:

Conhecimento Tradicional no Cerrado, Etnobotânica, Medicina Popular

Resumo

As comunidades quilombolas preservam um valioso conhecimento sobre plantas medicinais. Assim, este estudo objetivou realizar o levantamento das plantas medicinais usadas pelas mulheres da Comunidade Quilombola de Piracanjuba - Ana Laura, Piracanjuba, GO. A coleta de dados consistiu em entrevistas semiestruturadas. Foram registradas 91 espécies distribuídas em 41 famílias, sendo Fabaceae e Lamiaceae as de maior riqueza em espécies. As espécies citadas foram usadas, principalmente, para tratar problemas das vias respiratórias, sendo a parte vegetal mais utilizada a folha e a principal forma de preparo o chá. A maioria das espécies é nativa e as com o maior número de informantes foram Croton antisyphiliticus, Dysphania ambrosioides, Ricinus communis e Copaifera langsdorffii. As com o valor máximo de concordância de uso foram Stryphnodendron adstringens, Dysphania ambrosioides, Dilodendron bipinnatum, Croton antisyphiliticus, Punica granatum e Curcuma longa. Nenhuma das espécies nativas citadas foi avaliada quanto ao status de ameaça. Logo, existe carência de estudos em prol de avaliar como estão as populações de espécies nativas medicinais no Brasil quanto à ameaça de extinção. A maioria das espécies nativas do presente estudo não é exclusiva do Cerrado, sendo compartilhada principalmente com a Mata Atlântica, Caatinga e Amazônia. O índice de diversidade alto sugere que a comunidade quilombola possui um significativo conhecimento etnobotânico ao utilizar uma grande quantidade de espécies. Entretanto, o desmatamento do Cerrado está ameaçando este conhecimento tradicional, pois o local onde as entrevistadas buscavam as plantas deste domínio fitogeográfico não existe mais.

Biografia do Autor

Brenda Oliveira Guimarães, Faculdade de Piracanjuba, FAP, Brasil.; Universidade Estadual de Goiás, UEG, Brasil.

Mestrado em Ambiente e Sociedade pela Universidade Estadual de Goiás, UEG, Brasil. Professora na Faculdade de Piracanjuba, FAP, Brasil.

Ana Paula de Oliveira, Universidade Federal de Goiás, UFG, Brasil.

Doutorado em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais pela Universidade Federal de Uberlândia, UFU, Brasil. Professora na Universidade Federal de Goiás, UFG, Brasil.

Isa Lucia de Morais, Universidade Estadual de Goiás, UEG, Brasil.

Doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás, UFG, Brasil. Professora na Universidade Estadual de Goiás, UEG, Brasil.

Referências

Albuquerque UP de, Lucena RFP de, Alencar NL 2008. Métodos e técnicas para coleta de dados etnobotânicos. 2.ed. Comunigraf Editora, Recife.
Alves GSP, Povh JA 2013. Estudo etnobotânico de plantas medicinais na comunidade de Santa Rita, Ituiutaba – MG. Biotemas, 26(3):231-242.
Alves HKDR, Morais IL de, Caes AL 2018. Medicina popular no Cerrado e plantas medicinais usadas pelas irmãs raízeiras de Morrinhos, GO. In: FR dos Santos (Org.) Economia, Política e Sociedade: vicissitudes e perspectivas para a preservação do meio ambiente no Brasil. Editora CRV, Curitiba, p. 329-355.
Amorozo MCM 2002. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botânica Brasilica, 16:189-203.
Amorozo MCM, Gély A 1988. Uso das plantas medicinais por caboclos do baixo Amazonas, Barcarena, PA, Brasil. Boletim do Museu Paranaense “Emílio Goeldi”, 4:47-131.
Anjos RSA 2000. Territórios das Comunidades Remanescentes de Antigos Quilombos no Brasil – Primeira Configuração Espacial. 2.ed. Mapas Editora & Consultorias, Brasília, 92 pp.
Arantes AA, Caldas ER, Silva KGA 2003. O uso de plantas medicinais no município de Itumbiara, Goiás, Brasil. Práxis, 3:43-56.
Begossi A 1996. Use of Ecological Methods in Ethnobotany: Diversity Indices. Economic Botany, 50(3):280-289.
Borba AM, Macedo M 2006. Plantas medicinais usadas para a saúde bucal pela comunidade do bairro Santa Cruz, Chapada dos Guimarães, MT, Brasil. Acta Bot Bras 20:771-782.
Brasil 2001. Medida Provisória nº 2.186 de 23 de agosto de 2001. [acessado em Jan 2018]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/mpv/2186-16.htm.
Brasil 2015. Lei nº 13.123 de 20 de maio de 2015. [acessado em Jan 2018]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13123.htm.
Calábria L, Cuba GT, Hwang SM, Marra JCF, Mendonça MF, Nascimento RC, Oliveira MR, Porto JPM, Santos DF, Silva BL, Soares TF, Xavier EM, Damasceno AA, Milani JF, Rezende CHA, Barbosa AAA 2008. Levantamento etnobotânico e etnofarmacológico de plantas medicinais em Indianópolis, Minas Gerais, Brasil. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 10(1):49-63.
Cardoso MRD, Marcuzzo FFN, Melo DCR 2011. Mapeamento temporal e espacial da precipitação pluviométrica da região metropolitana de Goiânia. Anais... INPE, São José dos Campos.
Costa e Silva MR, Estevam LA 2013. O esvaziamento das regiões rurais: o caso da bacia leiteira de Piracanjuba, GO, Brasil (2000-2010). Redes, 18(3):62-81.
CSN (Conselho Nacional de Saúde) 2016. Resolução nº 510, de 07 de abril de 2016. [acessado em Ago 2016]. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf.
Cunha SA, Bortolotto IM 2011. Etnobotânica de plantas medicinais no assentamento Monjolinho, município de Anastácio, Mato Grosso do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 25(3):685-698.
Dias DCS 2009. Estratégia para gerenciamento de resíduos sólidos urbanos no município de Piracanjuba (GO). Dissertação (Mestrado em Ecologia e Produção Sustentável), Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 146 pp.
Duarte GSD, Pasa MC 2016. Agrobiodiversidade e a etnobotânica na comunidade São Benedito, Poconé, Mato Grosso, Brasil. Interações, 17(2): 247-256.
Fagundes NCA, Oliveira GL, Souza BG 2017. Etnobotânica de plantas medicinais utilizadas no distrito de Vista Alegre, Claro dos Poções – Minas Gerais. Revista Fitos, 11(1):1-118.
Ferreira ALS, Batista CAS, Pasa MC 2015. Uso de plantas medicinais na comunidade quilombola Mata Cavalo em Nossa Senhora do Livramento – MT, Brasil. Biodiversidade, 14(1):151-160.
Ferreira FMC, Lourenço FJC, Baliza DP 2014. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais na comunidade quilombola Carreiros, Mercês – Minas Gerais. Revista Verde, 9(3):205-212.
Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. [acessado em Mar 2018]. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/.
Franco EAP, Barros RFM 2006. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo Olho D` Água dos Pires, Esperantina, Piauí. Revista Brasileira Pl. Med., 8(3):78-88.
Friedman J, Yaniv Z, Dafni A, Palewitch DA 1986. A preliminary classification of the healing potential of medicinal plants, based on a rational analysis of an ethnopharmacological field survey among bedouins in the negev desert, Israel. Journal of Ethnopharmacology, (16):275-287.
Gomes TB, Bandeira FPSF 2012. Uso e diversidade de plantas medicinais em uma comunidade quilombola no Raso da Catarina, Bahia. Acta Bot. Bras. 26(4):796-809.
Guarim Neto G, Morais RG de 2003. Recursos medicinais de espécies do Cerrado de Mato Grosso: um estudo bibliográfico. Acta Bot. Bras, 17(4):561-584.
IBGE 2017. Cidades. [acessado em Out 2018]. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/go/piracanjuba/panorama.
IUCN 2016. The IUCN Red List of Threatened Species. [acessado em Mar 2018]. Disponível em: http://www.iucnredlist.org.
Krebs CJ 1989. Ecological Methodology. Harper and Row Publishers Inc., New York, 654 pp.
Leite IB 1999. Quilombos e Quilombolas: Cidadania ou Folclorização. Horizontes Antropológicos, 5(10):123-149.
Löbler L, Santos D, Rodrigues ES, Santos NRZ dos 2014. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais no bairro Três de Outubro da cidade de São Gabriel, RS, Brasil. R. bras. Bioci, 12(2):81-89.
Maciel M, Guarim Neto G 2006. Um olhar sobre as benzedeiras de Juruena (Mato Grosso, Brasil) e as plantas usadas para benzer e curar. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 2(3):61-77.
Magurran AE 1988. Ecological Diversity and its measurement. Princeton, Newjersey, 79 pp.
Massarotto NP 2008. Diversidade e uso de plantas medicinais por comunidades Quilombolas Kalunga e urbanas, no nordeste do Estado de Goiás, Brasil. Dissertação de Mestrado, Universidade Nacional de Brasília, DF,130 pp.
Medeiros MFT, Fonseca VS da, Andreata RHP 2004. Plantas medicinais e seus usos pelos sitiantes da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ, Brasil. Acta Bot. Bras., 18(2):391-399.
Ministério da Saúde, CNS 2012. Resolução nº: 466. Aprova as normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasilia.
MMA (Ministério do Meio Ambiente) 2018. O Bioma Cerrado. [acessado em Mar 2018]. Disponível em: https://www.mma.gov.br/biomas/cerrado.
Mobot (Missouri Botanical Garden) 2018. [acessado em Abr 2018]. Disponível em: https://www.tropicos.org/.
Mota LLS, Rodrigues MM, Jones KM, Lacerda GA 2015. Abordagem etnobotânica continuada na Comunidade Remanescente Quilombola Palmeirinha, Pedras de Maria da Cruz – MG. Revista Cerrados, 13(1):156-172.
Oliveira FCS, Barros RFM.; Moita Neto JM 2010. Plantas medicinais utilizadas em comunidades rurais de Oeiras, Semiárido Piauiense. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 13(3):282-292.
Oliveira EOS, Collier KFS, MOTA GMF da, Ely BP, Pereira FR 2011. Plantas medicinais usadas pela Comunidade Kalunga do Quilombo do Engenho de Dentro em Cavalcante – GO para tratamento de afecções bucais. Revista Cereus, 4.
Oliveira ER, Menini Neto L 2012. Levantamento etnobotânico de plantas medicinais utilizadas pelos moradores do povoado de Manejo, Lima Duarte - MG. Rev. bras. plantas med, 14(2):311-320.
Oliveira LR 2015. Uso popular de plantas medicinais por mulheres da comunidade quilombola de Furadinho em Vitória da Conquista, Bahia, Brasil. Revista Verde, 10(3):25-31.
Palmares Fundação Cultural 2016. Comunidades remanescentes de quilombo. [acessado em Ago 2018]. Disponível em: http://www.palmares.gov.br/wp-content/uploads/2016/06/QUADRO-RESUMO.pdf.
Pasa MC, David M de, Fiebig G de Á, Nardez TMB, Maziero EL 2015. A etnobotânica na comunidade quilombola em Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso, Brasil. Biodiversidade, 14(2):1-17.
Pasa MC, Soares JJ, Guarim Neto G 2005. Estudo etnobotânico na comunidade de Conceição-Açu (Alto da Bacia do Rio Aricá Açu, MT, Brasil). Acta Bot. Bras., 19(2):195-207.
Pereira CO, Lima EO, Oliveira RAG, Toledo MS, Azevedo AKA, Guerra MF, Pereira RC 2005. Abordagem etnobotânica de plantas medicinais utilizadas em dermatologia na cidade de João Pessoa-Paraíba, Brasil. Rev. bras. plantas med., 7(3):9-17.
Pereira MGS, Ferreira MC 2017. Uso e diversidade de plantas medicinais em uma comunidade quilombola na Amazônia Oriental, Abaetetuba, Pará. Biota Amazônia, 7(3):57-68.
Pielou EC 1966. The measurement of diversity in different types of biological collections. Journal of Theoretical Biology, 13:131-44.
Pilla MAC, Amorozo MCM, Furlan A 2006. Obtenção e uso das plantas medicinais no distrito de Martim Francisco, Município de Mogi-Mirim, SP, Brasil. Acta Bot. Bras., 20(4):789-802.
Pinheiro CUB, Monteles R 2007. Plantas medicinais em um quilombo maranhense: uma perspectiva etnobotânica. Revista de Biologia e Ciências da Terra, 7(2):38-48.
Pinto EPP, Amorozo MCM, Furlan A 2006. Conhecimento popular sobre plantas medicinais em comunidades rurais de Mata Atlântica – Itacaré, BA, Brasil. Acta Bot. Bras., 20(4):751-762.
SEGPLAN (Secretaria de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás) 2012. Perfil e potencialidades dos municípios Goianos. [acessado em Out 2017]. Disponível em: http://www.imb.go.gov.br/down/perfil_e_potencialidades_dos_munic%C3%ADpios_goianos.pdf.
Silva CSP da, Proença CEB 2007. Flora medicinal nativa do bioma Cerrado catalogada por estudos etnobotânicos no estado de Goiás, Brasil. Revista Anhangüera, 8(1):67-88.
Silva NCB, Regis ACD, Almeida MZ 2012. Estudo Etnobotânico em comunidades remanescentes de Quilombo em Rio de Contas – Chapada Diamantina - BA. Revista Fitos, 7(2):99-109.
Souza CD, Felfili JM 2006. Uso de plantas medicinais na região de Alto Paraiso de Goiás, GO, Brasil. Acta Bot. Bras., 20(1):135-142.
Toledo VM 2001. Biodiversity and indigenous peoples. In: Levin SA (Ed.). Encyclopedia of Biodiversity. Academic Press, San Diego, p. 330-340.
Tuler AC 2011. Levantamento etnobotânico na comunidade rural de São José da Figueira, Durandé, MG, Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo, 57 pp.
Vasquez SPF, Mendonça MS, Noda SN 2014. Etnobotânica de plantas medicinais em comunidades ribeirinhas do Município de Manacapuru, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, 44(4):457-472.

Downloads

Publicado

2019-09-01

Como Citar

GUIMARÃES, Brenda Oliveira; OLIVEIRA, Ana Paula de; MORAIS, Isa Lucia de. Plantas Medicinais de Uso Popular na Comunidade Quilombola de Piracanjuba - Ana Laura, Piracanjuba, GO. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 8, n. 3, p. 196–220, 2019. DOI: 10.21664/2238-8869.2019v8i3.p196-220. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/3208. Acesso em: 22 dez. 2024.