Intensificação da queda da cobertura vacinal brasileira em consequência da pandemia de COVID-19

Autores

  • Áurea Gomes Pidde
  • Victoria Cesar Monteiro
  • Ester Ramos Guimarães
  • Emanuel Fernandes de Souza Xavier
  • Elias Hanna

Resumo

RESUMO: O Programa Nacional de Imunizações (PNI), reconhecido mundialmente pelo seu êxito e eficácia, está vivenciando um momento de crise e as causas são multifatoriais. Além dos movimentos antivacinas, a pandemia da Covid-19 intensificou a queda da cobertura vacinal, sendo risco para surtos de doenças imunopreveníveis, aumento de morbidade e mortalidade e crescimento da demanda hospitalar. O objetivo do trabalho é analisar a situação atual da cobertura vacinal no Brasil e compreender o risco de abandono da vacinação durante a pandemia da Covid-19. Foi realizado um estudo epidemiológico descritivo sobre a cobertura vacinal do Brasil através do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) entre o período de 2015 a 2018. Além disso, foi feita análise de estudos publicados a partir de 2017 nas línguas portuguesa e inglesa, utilizando as bases de dados Google Scholar, LILACS, PubMed e SciELO, e os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “COVID-19”, “cobertura vacinal”, “Programas de Imunização”. Foi evidenciado que, de modo geral, a cobertura para maioria das vacinas oferecidas pelo PNI é inferior à meta proposta, sendo mais evidente para as vacinas tetra viral SRC+VZ (77,37% em 2015 e 32,46% em 2018), tríplice bacteriana DTP (85,78% em 2015 e 67,49% em 2018), contra poliomielite (98,29% em 2015 e 88,17% em 2018),  febre amarela (46,31% em 2015 e 58,4% em 2018), Meningococo C 1º reforço (87,85% em 2015 e 79, 72% em 2018). A redução da cobertura vacinal nos últimos anos é atribuída principalmente a um aumento de movimentos antivacina, à disseminação de fake news e ao enfraquecimento das campanhas do SUS. Com a pandemia da Covid-19, o Ministério da Saúde alerta uma intensificação da baixa de imunizações, especialmente, por receio da população de ir aos postos de saúde, sendo que, durante o primeiro semestre do ano, apenas a vacina BCG atingiu o nível esperado.  A interrupção da vacinação pode aumentar a probabilidade de surtos e de indivíduos suscetíveis a doenças imunopreveníveis, a exemplo do ressurgimento do sarampo no último ano. Conclui-se que a cobertura vacinal brasileira já estava em crise, como evidenciado pelos dados de 2015 a 2018, e que o medo da contaminação pela Covid-19 diminuiu ainda mais a procura por vacinação. Assim, mesmo durante a pandemia, o governo e a população devem se mobilizar para retorno do êxito do programa de imunizações, seguindo os protocolos de segurança, de distanciamento social e de higiene. A disseminação de informações seguras e o combate às fake news por meio de campanhas do SUS são necessários para evitar maiores consequências.

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Publicado

2021-05-26

Edição

Seção

ANAIS II CAMEG