A influência da microbiota intestinal no desenvolvimento do transtorno depressivo maior

Autores

  • Maria Clara Emos de Araujo Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA
  • Marcelo Mota de Souza Duarte Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA
  • Pedro de Freitas Quinzani Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA
  • Constanza Thaise Xavier Silva Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA

Palavras-chave:

Microbioma Gastrointestinal, Disbiose, Depressão

Resumo

O transtorno depressivo maior afeta mais de 300 milhões de indivíduos no
mundo e manifesta-se como tristeza intensa, sensação de vazio, irritabilidade,
variações afetivas e alterações somáticas, cognitivas e neurovegetativas. Dentre suas
etiologias, estão as alterações da microbiota intestinal, que atua em funções
homeostáticas e participa na comunicação bidirecional do eixo intestino-cérebro por
meio de mecanismos de vias neurais, endócrinas e imunitárias. Modificações de sua
composição levam ao desequilíbrio e sobreposição de bactérias intestinais
patogênicas sobre as consideradas benéficas, resultando na disbiose intestinal. Esse
quadro impacta diretamente na saúde psíquica, pois as bactérias intestinais possuem
a capacidade de liberar metabólitos, toxinas e neuro-hormônios que alteram os
hábitos alimentares e o humor. Descrever o papel da microbiota intestinal no
desenvolvimento e progressão do transtorno depressivo maior. Trata-se de um
estudo descritivo baseado em uma revisão integrativa da literatura. Foi executada
uma busca entre 2016 a 2020 nas bases de dados PubMed (National Library of
Medicine and National Institutes of Health), LILACS (Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde), e Google Acadêmico. A partir dos descritores da Ciência
da Saúde “Gastrointestinal Microbiome”, “Dysbiosis” e “Depression”, foram
selecionados 27 artigos. A fisiopatologia do transtorno depressivo maior inclui uma
baixa imunoinflamação persistente intestinal quando comparada a indivíduos
saudáveis. Gatilhos ambientais, como estresse psicossocial, dieta desbalanceada,
inatividade física e tabagismo, causam um desbalanço da microbiota intestinal. Essa
disbiose, aliada a marcadores inflamatórios elevados, como as interleucinas (IL)
1β, 6, Proteína C Reativa, receptor solúvel de IL-2, retroalimentam a inflamação
intestinal, corroborando para o desenvolvimento e continuidade do transtorno
depressivo. Isso ocorre porque a microbiota intestinal participa do metabolismo de
alguns nutrientes, como aminoácidos, ácido gama-aminobutírico, triptofano,
serotonina, histamina e dopamina. Dessa forma, a depressão é resultado de um
desequilíbrio dos sistemas endócrino, imune, metabólico, nervoso e gastrointestinal.
Estudos apontam a associação direta entre hábitos alimentares saudáveis e a
prevenção de transtornos psíquicos, evidenciando que o uso de probióticos aumenta
a população intestinal dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, influencia
positivamente o humor do paciente e demonstra propriedades antidepressivas e
ansiolíticas. Apesar de recente, a literatura mostra evidências da modulação direta da
saúde mental pelo eixo intestino-cérebro. A disbiose intestinal contribui para o
desenvolvimento de distúrbios psíquicos, de forma que a maior compreensão da
imunologia, endocrinologia, microbiologia e neurologia promove novas perspectivas
para o diagnóstico, tratamento e prevenção da depressão.

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Publicado

2021-05-23

Edição

Seção

ANAIS II CAMEG