Aspectos epidemiológicos do tétano acidental no brasil, de 2009 a 2019

Autores

  • Diandra Cavalcante de Oliveira Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), Goiânia, Goiás
  • Ana Clara Carvalho Rezende Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), Goiânia, Goiás
  • Alice Jardim Zaccariotti Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), Goiânia, Goiás
  • Caio Rodrigues Gomes Dias Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), Goiânia, Goiás
  • Joana Ermida Spagnol Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), Goiânia, Goiás
  • Cejane Domingues Ribeiro Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Goiás (FM-UFG), Goiânia, Goiás

Palavras-chave:

Tétano, Epidemiologia, Doenças preveníveis por vacina

Resumo

O tétano é uma doença infecciosa desencadeada pelo Clostridium tetani,
que penetra em um ferimento na pele. Caracteriza-se por espasticidade tônica
generalizada, podendo assim acarretar falência respiratória e ter um desfecho fatal.
Apesar de ser eficazmente prevenível através da vacina, disponível no sistema público,
ainda há número significativo de casos no país. Caracterizar o tétano acidental,
segundo sexo e escolaridade, entre 2009 e 2019 no Brasil. Estudo analítico,
observacional e retrospectivo. Incluiu-se todos os casos de tétano acidental
notificados no Brasil, em pessoas acima de 14 anos, de 2009 a 2019, obtidos do Sistema
de Informações de Agravos de Notificação. Obteve-se os dados populacionais do IBGE.
Estratificou-se por sexo e escolaridade. Calculou-se a porcentagem dos casos
notificados no período em cada grupo, bem como a porcentagem desses casos que
vieram a óbito. Obteve-se também a tendência do coeficiente de incidência no período,
por meio da regressão linear segmentada (Joinpoint Regression Program versão 4.7),
bem como as variações percentuais anuais (APCs) e seus intervalos de 95% de
confiança (IC95%). Houve 2829 casos, sendo a maior parte deles, 2424 (85,68%), no
sexo masculino, seguido por 405 (14,32%), no feminino. Quanto à escolaridade,
observa-se que 1013 (35,81%) indivíduos se declaram “analfabetos” ou “fundamental
incompleto” (A/FI), 276 (9,76%) como “fundamental completo” ou “médio
incompleto” (FC/MI), 159 (5,62%) como “médio completo” ou “superior incompleto”
(MC/SI) e 31 (1,1%) como “superior completo” (SC), sendo que 1350 (47,72%) não tiveram
sua escolaridade informada. A notificação de óbito pelo agravo ocorreu em 755
pessoas do sexo masculino e 172 do feminino, totalizando 927 óbitos em decorrência
de tétano acidental. A verificação dos óbitos de acordo com a escolaridade apresentou
os seguintes resultados: 328 (A/FI), 83 (FC/MI), 43 (MC/SI), 10 (SC) e não foi informada
a escolaridade do restante dos óbitos (49,95%). A incidência foi mais elevada no ano de
2011 (0,22 casos/100 mil hab) e teve menor valor em 2019 (0,12 casos/100 mil hab).
Obteve-se duas tendências: de 2009 a 2011, quando o comportamento foi estacionário
(APC = 5,6; IC95%= - 9,4; 23), e de 2011 a 2019, com tendência decrescente (APC = -6,9;
IC95%= -8,5; -5,2). Observou-se duas tendências temporais, a primeira estacionária
(2009-2011) e, a segunda decrescente (2011-2019). Apesar da suscetibilidade universal
da doença, percebe-se um acometimento superior nos homens (85,68%), por vezes
associado a ocupação. Há uma relação inversa entre o risco de infecção e o nível de
escolaridade. Apesar da queda no número de casos, a mortalidade é elevada (33%), o
que demonstra a importância da realização de campanhas de vacinação, sobretudo
para os indivíduos de baixa escolaridade. Dessa forma, ameniza-se também impactos
econômicos, visto que resguarda a população ativa sujeita à infecção.

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Publicado

2021-05-23

Edição

Seção

ANAIS II CAMEG