Acidentes por animais peçonhentos em Goiás: epidemiologia e perspectivas

Autores

  • Giane Hayasaki Vieira
  • Aline Lins da Silva
  • João Victor Alves Xavier
  • Guilherme Diniz Prudente
  • Gustavo Aguilar Alvarenga Amorim

Palavras-chave:

Venenos de esorpião. Acidente ofídico. Venenos de aranha. Incidência. Prevalência. Descentralização

Resumo

Introdução: Os acidentes por animais peçonhentos são doenças tropicais consideradas negligenciadas que acometem, em maioria, populações pobres em áreas rurais. Em Goiás (GO), há alta incidência destes - 28.532 pessoas de 2010 a 2017 - no meio rural e nas metrópoles. Sendo assim, trata-se de um problema de saúde pública amplo e irrestrito. Objetivo: Ilustrar dados epidemiológicos dos acidentes em GO visando demonstrar sua ampla relevância, suas perspectivas de atendimento e correlacioná-los com eventos de saúde pública atuais. Material e método: Estudo transversal a partir de dados do DATASUS/SINAN entre 2010 e 2017 associados a uma revisão bibliográfica, ao cenário da saúde pública atual, bem como às diretrizes do SUS. Resultados: Formosa e Rio Verde, com extensas áreas rurais, são os locais onde mais foram notificados acidentes, entretanto, as próximas cidades com mais registros são Goiânia e Anápolis, região metropolitana. O nível de cura nos locais de maior incidência é bastante satisfatório: em Goiânia, Formosa, Rio Verde e Anápolis é superior a 94%, bem como à média estadual. Os atendimentos são preferencialmente realizados nas metrópoles em detrimento das estruturas locais e descentralizadas do SUS, demonstração de uma via ainda precária na interiorização da saúde. Em Goiânia ocorreram 228 acidentes com serpentes, mas 1209 foram os casos notificados e atendidos. Em contrapartida, considerando-se o tempo de picada/atendimento, observou- se que só após 2014 mais de 50% dos casos registrados foram atendidos em menos de 1 hora da picada. Isso demonstra que, por mais que a preferência pela metrópole exista, os locais próximos aos acidentes estão sendo aprimorados. Nesse contexto, em 2014, houve aumento da atenção primária com o programa Mais Médicos e como, em GO, os profissionais cubanos eram os únicos em mais de 15% dos municípios, é coerente os responsabilizar pela melhora no atendimento. De forma satisfatória, mesmo com o fim do programa para os cubanos, é notório que, até janeiro, só 16 vagas em GO não haviam sido ocupadas por brasileiros. Ademais, Formosa está entre as cidades do país com mais vagas para o programa, sendo que, quando preenchidas, podem melhorar o atendimento precoce e a cura devido a uma melhor descentralização do cuidado em uma região com grande incidência. Conclusão: Assim, como os acidentes por animais peçonhentos acometem tanto a população urbana quanto a rural, caracteriza-se como um forte problema de saúde coletiva que necessita de atenção e melhoria continuada. Dessa forma, o atual contexto indica uma continuação da melhoria no atendimento precoce em GO amparada pelos Mais Médicos. A perspectiva, diante disso, é que os grandes centros deixem, gradativamente, de serem preferidos para o tratamento desses acidentes e que a velocidade de atendimento após picada diminua ainda mais, podendo ser realizada nos próprios municípios de ocorrência analogamente à descentralização. Todos esses fatores afetam diretamente nos níveis de cura e redução da sobrecarga nas filas dos hospitais das metrópoles. Com os avanços já obtidos e previstos, juntamente à educação continuada, os acidentes serão cada vez menos negligenciados e letais.

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Publicado

2020-02-13

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG