Competências e expectativas no ensino médico

Autores

  • Marcelo Fouad Rabahi Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA | Universidade Federal de Goiás - UFG

DOI:

https://doi.org/10.29237/2358-9868.2019v7i2.p1-2

Resumo

Há mais de 40 anos uma publicação da Organização Mundial da Saúde descreveu como o Ensino Médico Baseado em Competências (EMBC) poderia direcionar a educação médica para que pudesse atender às necessidades específicas de saúde de um país.  Os autores do documento afirmaram que "O resultado desejado de um programa baseado em competências é um profissional de saúde que possa exercer a medicina em um grau de proficiência, de acordo com as condições locais, para satisfazer as necessidades locais."1 Vinte anos depois as primeiras experiências dessa modalidade de ensino com foco na aprendizagem individual, dava os primeiros passos no Brasil.

 

Vários são os desafios na implantação do EMBC, entre eles está a avaliação da competência atingida pelo aluno. Com um quadro de competências, marcos e atividades profissionais desenvolvidas durante o processo de aprendizagem, avaliar o grau de retenção não tem sido uma tarefa simples. Modelos de avaliação de atividades práticas como a OSCE (Objective Structured Clinical Examination) ainda carecem de uma uniformidade e padronização entres as diferentes escolas, também é fundamental para a avaliação na EMBC uma parceria entre o aluno e o avaliador com base no compartilhamento de feedback formativo, que permite aos alunos avaliar seu progresso em direção à competência.2

No âmbito da educação médica fica claro que é improvável que todos os alunos tenham domínio de todas as competências necessárias em um mesmo ritmo. Portanto, ao contrário de insistir que o ensino médico seja feito através da educação em massa, o EMBC coloca o aluno com centro do aprendizado com foco nas competências necessárias para cuidar e atender as expectativas de uma população por meio de transições de tempo variável de formação para prática.2

 

Dois contextos são importantes atrelados ao EMBC merecem atenção de educadores e alunos, primeiro: a expectativa do paciente, que deve ser pautada pela humanização, isso vai muito além do atendimento do médico baseado em diagnosticar e tratar. O atendimento do médico humanizado é entender exatamente a expectativa do paciente, saber por que ele procurou o atendimento. E, quando explicar ao paciente o resultado da sua avaliação, saber se ele entendeu exatamente o que explicou. O atendimento humanizado tem essas duas alças: entender a expectativa do paciente e saber se a explicação foi entendida, no contexto sociocultural dele.3

O segundo pilar é o quanto o EMBC atende a expectativa do aluno, muitos são os dilemas que os estudantes de Medicina enfrentam durante todo o curso. Reconhecer o quanto essas expectativas atendem e satisfazem os alunos é de suma importância, e o estudo apresentado por Albuquerque LGM e colaboradores traz dados preocupantes sobre o baixo grau de satisfação entre estudantes de Medicina, com resultados preocupantes.4

Acredito que o objetivo de formar médicos diferenciados para atender as expectativas dos pacientes passa pela própria expectativa de formação desses profissionais, ficarmos indiferentes a essa percepção nos levará a um abismo na relação médico competente - paciente contente.

Biografia do Autor

Marcelo Fouad Rabahi, Centro Universitário de Anápolis - UniEVANGÉLICA | Universidade Federal de Goiás - UFG

 

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Publicado

2019-12-16

Edição

Seção

EDITORIAL