Infecções multirresistentes por Candida auris: fatores de risco, prevenção, diagnóstico e tratament

Autores

  • Daniele Belizário Bispo
  • Guthieres Mendonça Schmitt
  • Valesca Naciff Arias
  • Vitor Miguel Rassi
  • Wanessa Lemos Araújo
  • Rodrigo Scaliante de Mouro

Palavras-chave:

Candida. Diagnóstico. Terapêutica. Farmacorresistência fúngica múltipla. Fatores de risco. Controle de doenças transmissíveis.

Resumo

Introdução: As infecções invasivas por Candida são relevantes causas de morbimortalidade, principalmente aos pacientes hospitalizados ou imunocomprometidos. Nesse contexto, está a Candida auris, uma espécie recém-emergente, identificada pela primeira vez em 2009. Essa levedura apresenta diversos desafios no âmbito da saúde, já que apresenta resistência às terapias antifúngicas, além de possuir fácil transmissão nosocomial. Objetivo: Discutir os fatores de risco, as estratégias de prevenção, os métodos diagnósticos e de tratamento da infecção por C. auris. Material e Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Realizou-se uma busca nas bases de dados “Scientific Electronic Library Online” (SciELO) e “US National Library of Medicine” (PubMed), incluindo apenas artigos publicados a partir de 2015. As palavras-chave utilizadas foram: “Candida auris”, “resistência a múltiplas drogas” e seus termos correspondentes em inglês. No total, foram encontrados 26 estudos, sendo todos submetidos à análise. Desses, 14 artigos se adequaram aos critérios de inclusão estabelecidos, sendo eles: publicações nas línguas portuguesa e inglesa, relevância temática e concordância com o objetivo desta revisão. Resultados: Em relação aos fatores de risco da infecção por esse fungo multirresistente, estão incluídos o uso de antibióticos de amplo espectro, imunossupressão, admissão em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), diabetes mellitus e uso de cateteres venosos centrais. Acerca da prevenção, é imprescindível a implementação de medidas de controle de transmissão, como o isolamento de pacientes, uso de roupas e equipamentos de proteção individual por profissionais, limpeza e descontaminação dos abientes, antissepsia da pele dos infectados (usando clorexidina) e triagem de pacientes de enfermarias afetadas. Além disso, como forma de limitar a emergência de fungos multirresistentes, os antifúngicos não devem ser utilizados em doses subterapêuticas ou quando não há indicação para os mesmos. Quanto ao diagnóstico, existe uma dificuldade no reconhecimento da C. auris por meio das plataformas de identificação fenotípica comercialmente disponíveis, já que é comumente confundida com outras espécies de Candida. Assim, são necessários novos métodos confiáveis de determinação desta levedura. Nesse contexto, foram criados primers específicos para a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR), o que demonstrou eficácia de 100% na diferenciação entre C. auris e espécies semelhantes. A respeito do tratamento, foi observado que 93% da espécie estudada apresenta resistência a fluconazol, 35% a anfotericina B, 7% a equinocandina, 41% a duas classes de antifúngicos e 4% a três classes. Nesse contexto, dentre essas opções a equinocandina e a anfotericina B são as drogas de escolha, mesmo com eficácia limitada. Diante disso, foi descoberto o SCY-078, um medicamento com atividade promissora contra a C. auris. É um inibidor de síntese de triterpenoglicano-sintase, possuindo efeitos potentes contra Candida spp., além de impedir o crescimento e a formação de biofilmes de fungos resistentes. Conclusão: Dessa forma, é relevante que os fatores de risco sejam evitados, quando possível, e que as estratégias de prevenção sejam aplicadas. Ademais, foi observado que o diagnóstico e o tratamento ainda são limitados, necessitando de mais estudos a fim de comprovar a eficácia dos métodos recém-descobertos.

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Publicado

2020-02-19

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG