O QUE SABEMOS SOBRE AS AMEBAS DE VIDA LIVRE ATÉ O MOMENTO?
DOI:
https://doi.org/10.37951/refacer.v9i1.4699Palavras-chave:
Amebas de Vida Livre. Potencial patogênico. Imunocompetentes. Imunocomprometidos.Resumo
Introdução: Bactérias, vírus, fungos, protozoários e helmintos têm sido associados a infecções humanas em locais de assistência à saúde. Dentre eles: Naegleria fowleri, Balamuthia mandrillaris, Sappinia pedata e algumas espécies de Acanthamoeba spp. constituem o grupo das Amebas de Vida Livre (AVL) que podem causar doença grave no SNC, pele, órgãos internos e olhos. Objetivo: Estabelecer as principais características biológicas, clínicas e propedêuticas das infecções por AVL em humanos por meio de pesquisa literária. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura do tipo narrativa a partir de artigos publicados em língua inglesa e portuguesa entre 2010 e 2020 nas bases científicas Scielo e Pubmed. A busca pelas produções científicas se deu a partir dos descritores DECS e MESH. Resultados e discussão: Acanthamoeba spp. e B. mandrillaris podem causar encefalite amebiana granulomatosa que é mais comum em imunodeprimidos. Enquanto, a meningoencefalite amebiana primária por N. fowleri atinge principalmente jovens adultos saudáveis com evolução rapidamente fatal em 7 dias do aparecimento dos sintomas. Para S. pedata a encefalite descrita ocorreu em imunocompetente, mas há apenas um caso relatado até o presente momento. Além disso, em imunocompetentes usuários de lentes de contato podem ocorrer ceratite amebiana por Acanthamoeba spp. O sítio de infecção por AVL é bastante diversificado e os sintomas observados são inespecíficos e similares a patógenos mais rotineiros nos ambientes hospitalares. Isso dificulta a suspeita clínica. Não há um esquema terapêutico específico, apesar de o diagnóstico precoce favorecer a diminuição de morbimortalidade. Conclusão: A complexidade da biologia, clínica e propedêutica das infecções causadas por AVL provavelmente está associada a uma subnotificação dos casos, os quais apesar de raros possuem altos índices de morbimortalidade, inferindo a necessidade de maior divulgação deste tema junto à sociedade.
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