Água e Resíduos Sólidos: Ambiente, Saúde e Bem-Estar Humano no Contexto do Antropoceno

Autores

  • Valdir Lamim-Guedes Centro Universitário Senac e Programa de Pós-graduação em Educação FE/USP
  • Marcos Paulo Gomes Mol Fundação Ezequiel Dias – Funed, Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p140-164

Palavras-chave:

Recursos Hídricos, Comitê de Bacia Hidrográfica, Gestão Hídrica, Questões Socioambientais

Resumo

O Antropoceno permite percebermos a influência humana no planeta e indica a necessidade de tomar atitudes reais em prol de questões socioambientais, como o acesso à água, que envolve a disponibilidade física e fatores condicionantes de origem política, econômica ou social. Neste texto, trataremos do acesso à água e como este é determinante para a saúde e bem-estar, dependendo da conservação ambiental. Dois desafios - refugiados climáticos e aprendizagem social - serão apresentados como questões relevantes para a discussão sobre o planejamento de consumo de água em longo prazo. Pretendemos demonstrar que a participação, corresponsabilidade e diálogo são essenciais para que as arenas já construídas, como os Comitês de Bacia Hidrográficas, sejam de fato plenários de discussão e ambiente propício para uma gestão hídrica para um melhor compartilhamento deste recurso limitado.

Biografia do Autor

Valdir Lamim-Guedes, Centro Universitário Senac e Programa de Pós-graduação em Educação FE/USP

Doutorado em andamento em Educação pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Docente no Centro Universitário Senac, SENAC/SP, Brasil.

Marcos Paulo Gomes Mol, Fundação Ezequiel Dias – Funed, Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento

Doutorado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil. Pesquisador na Fundação Ezequiel Dias, FUNED, Brasil. Docente na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, Brasil.

Referências

ACNUR 1951. Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951). Disponível em http://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Convencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados.pdf.

ACNUR 2012. Mudança climática coloca pessoas em situações de risco, diz Alto Comissário. Disponível em http://www.acnur.org/portugues/2012/06/21/mudanca-climatica-coloca-pessoas-em-situacoes-de-risco-diz-alto-comissario/.

Acselrad H, Mello CCA, Bezerra GN 2009. O que é Justiça Ambiental?, Garamond, Rio de Janeiro.

Araia E 2011. Bem-Vindo ao Antropoceno. Disponível em https://www.revistaplaneta.com.br/bem-vindo-ao-antropoceno/.

Athanasiou M, Makrynos G, Dounias G 2010. Respiratory health of municipal solid waste workers. Occupational Medicine, 60(8):618–623.

Ballera JE, Zapanta MJ, Reyes VC, Sucaldito MN, Tayagb E 2015. Investigation of chikungunya fever outbreak in Laguna, Philippines, 2012. Western Pac Surveill Response J., 6(3): 3–11.

Barros RTV 2012. Elementos de Gestão de Resíduos Sólidos, Tessitura, Belo Horizonte.

Bassoi LJ 2005. Poluição das Águas. In: A Philippi Jr, MCF Pelicioni, Educação Ambiental e sustentabilidade, Manole, Barueri, p. 175-193.

Bicudo DC, Costa SV, Bennion H, Luiza A, Albuquerque S 2011. Processo de eutrofização durante o antropoceno em represa urbana tropical com base no registro sedimentar de diatomáceas. Disponível em http://www.abequa.org.br/trabalhos/18_07_2011_19_11_10_DeniseBicudo_sessao_tecnica5.pdf.

Bidone FA 2001. Resíduos sólidos provenientes de coletas especiais: eliminação e valorização, ABES, Rio de Janeiro.

Brasil 1998. Decreto nº 2.652. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2652.htm.

Brasil 2006a. Boas práticas no abastecimento de água: procedimentos para a minimização de riscos à saúde. Ministério da Saúde, Brasília.

Brasil 2006b. Vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. Ministério da Saúde, Brasília.

Carneiro WP 2012. A Declaração de Cartagena de 1984 e os desafios da proteção internacional dos refugiados, 20 anos depois. In CAS Silva, Direitos humanos e refugiados, UFGD, Dourados, p. 13-31.

Carson R 2010. Primavera Silenciosa. Gaia, São Paulo.

Catapreta CAA, Heller L 1999. Associação entre coleta de resíduos sólidos domiciliares e saúde, Belo Horizonte (MG), Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, 5(2):88-96.

Cerqueira T 2016. Antropoceno: somos uma força planetária. Museu do Amanhã. Disponível em https://museudoamanha.org.br/pt-br/antropoceno-somos-uma-forca-planetaria.

CMMD 1991. Nosso futuro comum, FGV, Rio de Janeiro.

Compans R 1999. O paradigma das global cities nas estratégias de desenvolvimento local. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 1(9):91-114.

Crutzen PJ, Stoermer EF 2015. O Antropoceno. Piseagrama. Disponível em https://piseagrama.org/o-antropoceno.

Cussiol NAM 2005. Disposição final de resíduos potencialmente infectantes de serviços de saúde em célula especial e por co-disposição com resíduos sólidos urbanos. UFMG, Minas Gerais.

Daily GC 1997. Nature’s services: Societal dependence on natural ecosystems, Island Press, Washington.

Dockhorn MSM 2015. Água, saúde humana e o ambiente. Vidya, 24(41): 159-164.

Domingo JL, Nadal M 2009. Domestic waste composting facilities: A review of human health risks. Environment International, 35(2): 382-389.

Gemenne F, Brücker P, Glasser J 2011. The State of Environmental Migration 2010, Paris, International Organization for Migration (IOM). Disponível em http://publications.iom.int/system/files/pdf/ study0711_sem2010_web3.pdf.

Gemenne F, Zicgraf C, Ionesco D 2016. The State of Environmental Migration 2016: A review of 2015, Presses Universitaires de Liège, Liège (Bélgica).

Glasser H 2007. Minding the gap – the role of social learning in linking our state desire for a more sustainable world to our everyday actions and policies. In AEJ Wals, Social Learning: towards as sustainable world, Academic Publishers, Wageningen, p. 35-61.

Graudenz GS 2009. Indicadores infecciosos e inflamatórios entre trabalhadores da limpeza urbana em São Paulo. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 34(120): 106-114.

Guedes FB, Seehusen SE 2011. Pagamentos por Serviços Ambientais na Mata Atlântica: lições aprendidas e desafios, MMA, Brasília.

Hart P 2007. Social Learning as action inquiry: exploring education for sustainable societies. In AEJ Wals, Social Learning: towards as sustainable world, Academic Publishers, Wageningen, p. 313-329

Harvey D 2005. A Produção Capitalista do Espaço, Annablume, São Paulo.

Hirata R, Foster S, Oliveira F 2015. Águas subterrâneas urbanas no Brasil: Avaliação para uma gestão sustentável. Instituto de Geociências/USP e FAPESP, São Paulo.
Hoekstra AY 2018. How to reduce our water footprint to a sustainable level? UN Chronicle, 55(1):52-54.

Hoekstra AY, Mekonnen MM 2012. The water footprint of humanity. PNAS, 109(9):3232-3237.

Issberner, L 2016. [Comentário pessoal]. Facebook. Disponível em https://www.facebook.com/ lizrejane.issberner/posts/1027799597345657.

ISWA 2012. Globalization and Waste Management. Phase 1: Concepts and Facts, ISWA.

Jacobi PR 2012. Aprendizagem social e pesquisa-ação: semelhanças na construção de saberes e transformação de realidades complexas. In: RF Toledo, PR Jacobi, A Pesquisa-Ação na Interface da Saúde, Educação e Ambiente: Princípios, desafios e experiências interdisciplinares, Annablume, FEUSP, PROCAM, IEE, FAPESP, São Paulo, p. 95-113.

Jacobi PR 2013. Participativas, Governança Ambiental e práticas. In: PR Jacobi, Aprendizagem Social e Unidades de Conservação: Aprender juntos para cuidar dos recursos naturais, IEE/PROCAM, São Paulo, p. 12-19.

Jacobi PR, Cibim JC, Souza AN 2015. Crise da água na região metropolitana de São Paulo (2013-2015). Geousp – Espaço e Tempo, 19(3):422-444.

Jacobi PR, Granja SIB, Franco MI 2006. Aprendizagem social: práticas educativas e participação da sociedade civil como estratégias de aprimoramento para a gestão compartilhada em bacias hidrográficas. São Paulo em Perspectiva, 20(2):5-18.

Jacobi PR, Sulaiman SN 2017. Governança Ambiental Urbana face às mudanças climáticas. In Governança da água no contexto da escassez hídrica, IEE-USP, UFABC e GovAmb, São Paulo, p. 51-65.

Julião A 2011. Refugiados do clima. Disponível em https://istoe.com.br/127095_REFUGIADOS+ DO+CLIMA/.

Júnior E 2013. Até 2030, quase metade do mundo pode ficar sem água. ONU News. Disponível em https://news.un.org/pt/story/2013/03/1432421-ate-2030-quase-metade-do-mundo-pode-ficar-sem-agua.

Juntos pela Água 2017. Poluição da água mata 1,8 milhão de pessoas por ano, diz estudo. Disponível em https://www.juntospelaagua.com.br/2017/11/01/poluicao-da-agua-mata-18-milhao-de-pessoas-por-ano-diz-estudo/.

Lamim-Guedes V 2013. A pegada hídrica: conceito e uso em atividades de educação ambiental. Educação Ambiental em Ação, 43.

Lamim-Guedes V 2015. Crise da água na região metropolitana de São Paulo, Brasil. Global Education Magazine, 11:95–99.

Latour B 2014. Para distinguir amigos e inimigos no tempo do Antropoceno. Revista de Antropologia, 57(1):11-31.

Lefebvre H 2008. Espaço e política, UFMG, Belo Horizonte.

Leite M et al. 2014. Líquido e incerto: o futuro dos recursos hídricos no Brasil. Disponível em http://arte.folha.uol.com.br/ambiente/2014/09/15/crise-da-agua/.

Lopes AML, Ab’saber AN, Hossne WS 2012. O conceito de Refugiado Ambiental – é uma questão bioética?, Revista -Centro Universitário São Camilo, 6(4):409-415.

Lusa 2012. Água: Alcançado Objetivo de Desenvolvimento do Milénio para água potável, mas saneamento longe de ser atingido. Jornal I. Disponível em: https://ionline.sapo.pt/artigo/454297/agua-alcancado-objetivo-de-desenvolvimento-do-milenio-para-agua-potavel-mas-saneamento-longe-de-ser-atingido-onu?seccao=isAdmin.

Maranhão F 2015. Pouca chuva não significa falta de água na torneira, diz relator da ONU. Uol. Disponível em https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/02/12/pouca-chuva-nao-significa-falta-de-agua-na-torneira-diz-relator-da-onu.htm.

Marinho TA et al. 2013. Prevalence of hepatitis C virus infection among recyclable waste collectors in Central-West Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 108(4):519-522.

Mekonnen MM, Hoekstra AY 2016. Four billion people facing severe water scarcity. Science Advances, 2(2):e1500323.

Myers N 2002. Environmental refugees: a growing phenomenon of the 21st century. Philosophical transactions of the Royal Society of London. Series B, Biological sciences, 357(1420):609-613.

Oel PR, Hoekstra AY 2012. Towards Quantification of the Water Footprint of Paper: A First Estimate of its Consumptive Component. Water Resources Management, 26(3):733-749.

Oliveira MG 2007. Características organizacionais e acidentes ocupacionais em empresas de limpeza urbana em Salvador-BA. Universidade Federal da Bahia, Bahia.

Olla T et al 2015. Geophysical and Hydrochemical Investigation of a Municipal Dumpsite in Ibadan, Southwest Nigeria. Journal of Environment and Earth Science, 5(14):200-215.

ONU 1992. Declaração Universal dos Direitos da Água. Disponível em http://www.direitoshumanos. usp.br/index.php/Meio-Ambiente/declaracao-universal-dos-direitos-da-agua.html.

Padua SM, Padua C, Ditt E, Almeida T 2011. Do Código Florestal à água da torneira. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1508201108.htm.

Pereira Neto JT 1999. Gerenciamento de Resíduos Sólidos em Municípios de Pequeno Porte. Ciência e Ambiente, 18:42-52.

PNUD 2006. Relatório do Desenvolvimento Humano 2006 - Além da escassez: poder, pobreza e a crise mundial da água. PNUD, Nova York.

Porta D, Milani S, Lazzarino AI, Perucci CA, Forastiere F 2009. Systematic review of epidemiological studies on health effects associated with management of solid waste. Environmental Health, 8(1):60.

PREDECAN 2006. Estrategia educativa – comunicacional de PREDECAN sobre gestión del riesgo en la subregión Andina. Lima. Disponível em http://www.comunidadandina.org/predecan/doc/centro/estraEdu ComunicaPredecan_v2006.pdf.

Público 2009. Primeira evacuação de uma ilha devido ao aquecimento global. Disponível em https://www.publico.pt/2009/05/16/mundo/noticia/primeira-evacuacao-de-uma-ilha-devido-ao-aquecimento-global-1381031.

PUCMinas 2013. Refugiados Ambientais. Disponível em https://14minionuacnur2020.wordpress.com/ 2013/04/09/refugiados-ambientais/.

RESET 2013. Environmental Refugees (Climate Change and How it Affects People's Lives). Disponível em https://en.reset.org/knowledge/environmental-refugees-–-how-climate-change-affects-peoples-lives.

Rockström J et al. 2009. A safe operating space for humanity. Nature, 461(7263):472-475.

Rushton L 2003. Health hazards and waste management. British Medical Bulletin, 68(1):183-197.

Sampaio AMM, Kligerman DC, Júnior SF 2009. Dengue, related to rubble and building construction in Brazil. Waste Management, 29(11):2867-2873.

Sampaio L 2014. Falta de água é culpa do governo de SP, afirma relatora da ONU. Folha de São Paulo. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/08/1508504-falta-de-agua-e-culpa-do-governo-de-sp-afirma-relatora-da-onu.shtml.

Santos Filho MG, Hirata R, Luiz MB, Conicelli B 2017. Solo e águas subterrâneas contaminadas pela deposição de resíduos sólidos urbanos: o caso do Vazadouro de Tatuí (SP). Revista do Instituto Geológico, 38(1):31-47.

Scharf R 2015. Falta d’água, a pior de todas as ameaças. Disponível em http://pagina22.com.br/ 2015/02/10/falta-dagua-a-pior-de-todas-as-ameacas/.

Shrader-Frechette K 2002. Environmental Justice: creating equelity,reclaiming democracy. Oxford University Press, Nova York.

Sidhardhan S, Adishkumar S, Jayganesh D 2015. A Geophysical Investigation of Resistivity and Groundwater Quality near a Corporate Solid Waste Dump. Polish Journal Environmental Studies, 6:2761-2766.

Silva JAA et al. 2011. O Código Florestal e a Ciência: contribuições para o debate, SBPC e ABC, São Paulo.

Silva MN, Gontijo AB, Lamim-Guedes V, Santos MEG 2012. Água e mudanças climáticas: tecnologias sociais e ação comunitária. CEDEFES, Belo Horizonte, Fundação Banco do Brasil, Brasília.

Smith M, Berge Z 2009. Social Learning Theory in Second Life. MERLOT: Journal of Online Learning and Teaching, 5(2):439-445.

Steffen W et al. 2015. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet. Science, 347(6223).

Stockholm Resilience Centre 2015. Planetary Boundaries - an update. Disponível em http://www.stockholmresilience.org/research/research-news/2015-01-15-planetary-boundaries---an-update.html.

UNEP 2002. Africa Environment Outlook: Past, present and future perspectives.

UNESCO 2013. Lançamento do Ano Internacional da Cooperação pela Água 2013. Disponível em http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-view/news/unesco_launch_of_the_international_year_of_water_cooperation/.

UNRIC 2015. 2,4 mil milhões de pessoas ainda carecem de saneamento básico. Disponível em https://www.unric.org/pt/actualidade/31881-24-mil-milhoes-de-pessoas-ainda-carecem-de-saneamento-basico.

World Economic Forum 2015. Global Risks 2015. 10.ed, World Economic Forum, Genebra.

Worship P 2010. Assembleia da ONU declara direito à água, mas com polêmica. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/774471-assembleia-da-onu-declara-direito-a-agua-mas-com-polemica.shtml.

Wouters IM, Spaan S, Douwes J, Doekes G, Heederik D 2005. Overview of Personal Occupational Exposure Levels to Inhalable Dust, Endotoxin, β(1→3)-Glucan and Fungal Extracellular Polysaccharides in the Waste Management Chain. The Annals of Occupational Hygiene, 50(1):39-53.

Zalasiewicz J, Williams M, Haywood A, Ellis M 2011. The Anthropocene: a new epoch of geological time?, Philosophical transactions. Series A, Mathematical, physical, and engineering sciences, 369(1938):835-841.

Downloads

Publicado

2018-08-30

Como Citar

Lamim-Guedes, Valdir, e Marcos Paulo Gomes Mol. 2018. “Água E Resíduos Sólidos: Ambiente, Saúde E Bem-Estar Humano No Contexto Do Antropoceno”. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science 7 (2):140-64. https://doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p140-164.

Edição

Seção

Dossiê - Ambiente, Saúde e Bem Estar Humano