Aspectos que Influenciam a Escolha de Locais de Coleta por Extrativistas de Macaúba no Cerrado Brasileiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2021v10i3.p101-113

Palavras-chave:

extrativismo, produtos florestais não madeireiros, preferências de coleta, estrutura populacional, morfometria de frutos

Resumo

As comunidades extrativistas de Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNMs) criam preferências por locais de coleta baseadas na acessibilidade, tempo de transporte e busca, melhor qualidade e na maior disponibilidade dos recursos. Dentre as espécies fornecedoras de PFNMs com uma gama de utilidades e com ampla distribuição, destaca-se a palmeira macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.). Desse modo, realizou-se estudo em localidade no Cerrado com o objetivo de investigar os fatores considerados na escolha de locais de coleta pelas pessoas que extraem os frutos. Para tal foi realizado estudo etnobotânico com a comunidade e avaliada duas populações da palmeira em mata e em pastagem, quanto à estrutura populacional e à morfometria dos frutos. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com os extrativistas e parcelas foram montadas em ambiente florestal e em pastagem, onde os indivíduos de macaúba foram classificados em estádios ontogenéticos e os frutos e amêndoas foram pesados. Foram entrevistados 23 extrativistas de macaúba. Todos afirmaram que o principal interesse pela planta reside na amêndoa e que preferem coletar frutos mais pesados e em áreas com vegetação mais aberta, como fazendas de gado, não distinguindo divergências entre as populações da palmeira. Os dados da estrutura populacional de ambas as populações de plantas demonstraram que não há diferenças quanto ao número total de indivíduos e em cada estádio ontogenético. Quanto à morfometria dos frutos, as macaúbas coletadas na mata apresentaram-se em média mais pesadas e proporcionaram mais amêndoas, assinalando que a predileção pela pastagem pode estar ligada a outros aspectos, como a facilidade de acesso nesta área em detrimento da floresta.

Biografia do Autor

Ana Valéria Costa da Cruz, Universidade Federal do Piauí

Titulação: Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Instituição de obtenção do título: Universidade Federal do Piauí

Referências

Ab’saber NA 2003. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. Ateliê Editorial, São Paulo, 160 pp.
Albuquerque UP, Ramos MA, Lucena RFP, Alencar NL 2014. Methods and Techniques in Ethnobiology and Ethnoecology. In Albuquerque UP, Cunha LVFC, Lucena RFP, Alves NL. Methods and techniques in ethnobiologyand ethnoecology. Humana Press, New York, p.15-37.
Azevedo-Filho JA, Colombo CA, Berton LHC 2012. Macaúba: palmeira nativa como opção bioenergética. Pesquisa & Tecnologia 9(2):92-105.
Bardin L 2011. Análise de conteúdo. Edições 70, São Paulo, 280 pp.
Campos JLA, Albuquerque UP, Peroni N, Araújo EL 2017. Population structure and fruit availability of the babassu palm (Attalea speciosa Mart. ex Spreng) in human-dominated landscapes of the Northeast Region of Brazil. Acta Botanica Brasilica 31(2):267-275
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA 2013.Relatório do diagnóstico do macrozoneamento ecológico-econômico do Estado do Maranhão. Embrapa, Campinas, SP, 325 pp.
Fetterman DM 2009. Ethnography. InBickman L,Rog DJ (ed.). The SAGEHandbook of Applied Social Research Methods. SAGE Publications, Inc, Thousand Oaks, p. 543–588
Frazão JS 1998. Memórias: história e geografia do município de Fortuna-Maranhão.Prefeitura Municipal de Fortuna, 52pp.
Gama MMB. Principais relações de comercialização de produtos florestais não madereiros (PFNM) na Amazônia. Agroline. 2005 dez. Disponível em:http://www.agronline.com.br/artigos/principais-relacoes-comercializacao-produtos-florestais-nao-madereiros-pfnm-amazonia. Acesso em: 23 fev. 2020.
Goudel F 2012. Caracterização e Processamento de mapuitã, os frutos da palmeira jerivá (Syagrus romanzoffiana Cham.). Dissertação de mestrado, Universidade Federalde Santa Catarina, Florianópolis, 2012,115pp.
Henderson A, Galeano G, Bernal R 1995. Field guide to the palms of the Americas.Princeton University Press, Princeton, 352pp.
Hernández BCR, Hernández J, Verduzco JEGA, Frier JP, Barrios EP, Martínez MAG 2011. Importancia agroecológica del coyul (Acrocomia mexicana Karw. ex Mart.). Estudios Sociales 21(41):97-113.
Homma AKO 2012. Extrativismo vegetal ou plantio: qual a opção para a Amazônia? Estudos Avançados 26(74):167-186.
Hora JSL 2017. Critérios locais de seleção de plantas empregadas como fitocombustíveis: uma análise do comportamento humano de forrageio. Dissertação de mestrado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 57pp.
IBGE 2008.Produção Agrícola Municipal 2007.
IBGE 2011. Vegetação: mapa fitogeográfico do estado do Maranhão. Escala 1:400.000.
IBGE 2017. Fortuna, Maranhão, Brasil. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ma/fortuna/panorama. Acesso em: 06. nov. 2019.
IBGE 2019.Produção da Extração Vegetal e Silvicultura2018.
IMESC – Estudo Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos 2018. Maranhão em mapas: mapas temáticos do estado e municípios.Disponível em:http://imesc.ma.gov.br/maranhaoemmapas/Home. Acesso em: 20 jun. 2018.
Kahn F & Castro A 1985. The Palm community in a forest of Central Amazonia, Brazil. Biotropica 17(3):210-216.
Kinupp VF, Lorenzi H 2014. Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Instituto Plantarum de Estudos da Flora, São Paulo, 768pp.
Ladio AH, Lozada M 2004. Patterns of Use and Knowledge of Wild Edible Plants in Distinct Ecological Environments: A Case Study of a Mapuche Community from Northwestern Patagonia. Biodiversity and Conservation 13:1153–1173.
Lorenzi H 1992. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Ed. Plantarium, Nova Odessa, 352pp.
Lorenzi GMAC 2006. Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart. - Arecaceae: bases para o extrativismo sustentável. Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná, Curitiba,156pp.
Lorenzi H, Kahn F, Noblick LR, Ferreira E 2010.Flora Brasileira – Arecaceae (Palmeiras). Instituto Plantarum, Nova Odessa, 368 pp.
Lozada S 2012.Estructura poblacional y producción de frutos del totaí (Acrocomia aculeata Jacq. Lodd. ex Mart., Arecaceae) según la presencia de ganado en localidades de Beni y Santa Cruz. Tesis de licenciatura en Biología, Universidad Mayor de San Andrés, La Paz, 79 pp.
Lozada SG, Ramírez MM 2013. Estructura poblacional del totaí (Acrocomia aculeata, Arecaceae) según presencia de ganado en localidades de Beni y Santa Cruz (Bolivia). Ecología en Bolivia 48(2):72-86.
Macarthur RH, Pianka ER 1966. On Optimal Use of a Patchy Environment. The American Naturalist 100(916):603-609.
Manfio CE, Motoike SY, dos Santos CEM, Pimentel LD, de Queiroz V, Sato AY 2011.Repetibilidade em características biométricas do fruto de macaúba. Ciência Rural 41(1):70-76.
Mhanhmad S, Leewanish P, Punsuvon V, Srinives P 2011. Seasonal effects on bunch components and fatty acid composition in Dura oil palm (Elaeis guineensis). African Journal of Agricultural Research 6(7):1835-1843.
Montoya SG, Motoike SY, Kuki KN, Couto AD 2016. Fruit development, growth, and stored reserves in macauba palm (Acrocomia aculeata), an alternative bioenergy crop. Planta: An International Journal of Plant Biology 244(4):927-938.
Moraes RM 2004. Flora de Palmerasda Bolívia. Plural Editores, 484pp.
Moreno L, Moreno O 2006. Colecciones de las palmeras de Bolivia. Palmae Arecaceae. Editorial Fundación Amigos de la Naturaleza, Santa Cruz, 576 pp.
Mota DM, Schmitz H, Silva-Júnior JF 2007. O extrativismo em tempos de globalização no nordeste brasileiro. In CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 13. Recife. Anais [...] Recife: Sociedade Brasileira de Sociologia.
Moura SSS, Gonçalves EP, Moura MF, Viana JS, Lima AA, Melo LDFA 2019. Caracterização biométrica de frutos, diásporos e sementes de Syagrus coronata (Mart.) Becc. Diversitas Journal 4(3):701-716.
Nascimento MN, Carneiro, DDMD 1996. Terra das Palmeiras: geografia e história do Maranhão. FTD, São Paulo, 128pp.
Newstrom LE, Frankie GW, Baker HG 1994. A New Classification for Plant Phenology Based on Flowering Patterns in Lowland Tropical Rain Forest Trees at La Selva, Costa Rica. Biotropica 26(2):141-159.
Peters CM 1994. Sustainable Harvest of Non-Timber Plant Resources in Tropical Moist Forest: An Ecological Primer. World Bank Technical Paper n. 322, Washington, 48pp.
Pires TP, Souza ES, Kuki KN, Motoike SY 2013. Ecophysiological traits of the macaw palm: A contribution towards the domestication of a novel oil crop. Industrial Crops and Products 44:200-210.
PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 2010. Ranking IDHM Municípios.
Porro NM, Neto JS 2013. Conhecimento tradicional associado à biodiversidade emrecursos de uso comum: a roça e a quebra do coco babaçu em quilombo na Amazônia Oriental. In Guerra GAD, Waquil PD (Org.). Desenvolvimento Rural Sustentável no Norte e Sul do Brasil.Paka-Tatu, Belém.
Ramos MIL, Ramos-Filho MM, Hiane PA, Braga-Neto JA, Siqueira, EMA 2008. Qualidade nutricional da polpa de bocaiúva Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd ex Mart. Ciência e Tecnologia de Alimentos 28:90-94.
Ruiz-Pérez M, Belcher B, Achdiawan R, Alexiades M, Aubertin C, Caballero J, Campbell B, Clement C, et al. 2004. Markets drive the specialization strategies of forest peoples. Ecology and Society 9(2):4.
Sanjinez-Argandoña EJ, Chuba CAM 2011. Caracterização biométrica, física e química de frutos da palmeira bocaiuva Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. Rev. Bras. Frutic 33(3):1023-1028.
Santos LB, Castro MS 2010.Boas práticas de manejo para o extrativismo sustentável do umbu. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, 64 pp.
Santos-Filho FS, Almeida Jr EB, Soares CJRS 2013. Cocais: zona ecotonal natural ou artificial? Revista Equador (UFPI) 1(1):02-13.
Schmitz H, Mota DM, Silva Junior JF 2009. Gestão coletiva de bens comuns no extrativismo da mangaba no nordeste do Brasil. Ambiente & Sociedade 12(2):273-292.
Silva RRV, Gomes LJ, Albuquerque UP 2017. What are the socioeconomic implications of the value chain of biodiversity products? A case study in Northeastern Brazil. Environ Monit Assess 189(64). https://doi-org.ez17.periodicos.capes.gov.br/10.1007/s10661-017-5772-2
Souza JN, Agostinho CO, Ribeiro LM, Azevedo AM, Lopes PSN 2019. Edaphic and climatic control of macaúba palm seed bank dynamics. Industrial Crops and Products 141.https://doi.org/10.1016/j.indcrop.2019.111802
Tolêdo DP 2010. Análise técnica, econômica e ambiental de macaúba e de pinhão-mansocomo alternativas de agregação de renda na cadeia produtiva de biodiesel. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 92pp.
Torre-Cuadros MA, Islebe GA 2003. Traditional ecological knowledge and use of vegetation in southeastern Mexico: a case study from Solferino, Quintana Roo. Biodiversity and Conservation 12:2455-2476.
Vianna SA, Berton LHC, Pott A, Guerreiro SMC, Colombo CA 2017.Biometric characterization of fruits and morphoanatomy of the mesocarp of Acrocomia species (Arecaceae). International Journal of Biology 9(3):78-92.
Watters JJ, Bierncki P 1989. Target samling: options of the study of hidden population. Social problems 36:416-430.

Downloads

Publicado

2021-12-28

Como Citar

Cruz, Ana Valéria Costa da, Nélson Leal Alencar, Alyson Luiz Santos de Almeida, e Clarissa Gomes Reis Lopes. 2021. “Aspectos Que Influenciam a Escolha De Locais De Coleta Por Extrativistas De Macaúba No Cerrado Brasileiro”. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science 10 (3):101-13. https://doi.org/10.21664/2238-8869.2021v10i3.p101-113.