Educação Ambiental Crítico-Emancipadora e a Compreensão da Campanha Contra o Mosquito Aedes aegypti no Brasil

Autores

  • Livia Miranda de Oliveira Secretaria de Educação do Distrito Federal
  • Alex Sandro Rodrigues Araujo Secretaria de Educação do Distrito Federal
  • Carlos Hiroo Saito Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2018v7i2.p83-107

Palavras-chave:

Dengue, Saúde Coletiva, Empoderamento, Ensino Fundamental

Resumo

A situação epidemiológica da dengue no Brasil motivou a formação de uma comunidade investigativa nos termos da pesquisa-ação numa escola pública de ensino fundamental do Distrito Federal. O objetivo foi analisar as concepções e metodologias de combate à dengue adotadas nas campanhas oficiais nacionais. A investigação adotou as etapas da espiral-cíclica da pesquisa-ação educacional e totalizou dez ações interligadas que foram realizadas na escola. Os momentos de construção e reconstrução vividos levaram a comunidade escolar a assimilarem os princípios da Educação Ambiental na Carta de Belgrado. Concluiu-se que a ideologia de combate exclusivo ao Aedes aegypti difundida pelas campanhas brasileiras oficiais de combate à dengue, leva a um conhecimento insuficiente e deturpado sobre o ciclo da doença e das medidas preventivas possíveis. Uma série de recomendações para modificação das políticas públicas foram produzidas no âmbito da comunidade escolar, evidenciando sua apropriação de conhecimentos científicos e empoderamento.

Biografia do Autor

Livia Miranda de Oliveira, Secretaria de Educação do Distrito Federal

Mestrado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Alex Sandro Rodrigues Araujo, Secretaria de Educação do Distrito Federal

Geógrafo na Secretaria de Educação do Distrito Federal, SEDF, Brasil.

Carlos Hiroo Saito, Universidade de Brasília, UnB, Brasil.

Doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Brasil. Docente na Universidade de Brasília, UnB, Brasil. Docente na Universidade de Brasília, UnB, Brasil

Referências

ABRASCO 2016. Nota Técnica sobre microcefalia e doenças vetoriais relacionadas ao Aedes aegypti: os perigos das abordagens com larvicidas e nebulizações químicas – fumacê. [Updated 2016 February; cited 2016 November 21]. Available from: https://www.abrasco.org.br/site/2016/02/nota-tecnica-sobre-microcefalia-e-doencas-vetoriais-relacionadas-ao-aedes-aegypti-os-perigos-das-abordagens-com-larvicidas-e-nebulizacoes-quimicas-fumace/.

Araújo TVB, Rodrigues LC, de Alencar Ximenes RA, de Barros Miranda-Filho D, Montarroyos UR, de Melo APL, Valongueiro S, de Albuquerque MFPM, Souza WV, Braga C, Filho SPB, Cordeiro MT, Vazquez E, Di Cavalcanti Souza Cruz D, Henriques CMP, Bezerra LCA, da Silva Castanha PM, Dhalia R, Marques-Júnior ETA, Martelli CMT 2016. Association between Zika virus infection and microcephaly in Brazil, January to May, 2016: preliminary report of a case-control study. Lancet Infect Dis 16(12):1356-1363. DOI: https://doi.org/10.1016/S1473-3099(16)30318-8

Barbosa LNH, Drummond JA 1994. Os direitos da natureza numa sociedade relacional: reflexões sobre uma nova ética ambiental. Estudos Históricos 7(14):265-289.

Bardin L 2011. Análise de Conteúdo, Edições 70, Lisboa.

Bayer A 2016. Argentine physicians claim Monsanto-linked larvicide is cause of microcephaly. International Journal of Human Nutrition and Functional Medicine 2016:8-9. [cited 2016 November 21]. Available from: http://www.intjhumnutrfunctmed.org/journal/2016/files/assets/common/ downloads/page0008.pdf.

Bazin M 1977. O cientista como alfabetizador técnico. In: S Anderson, M Bazin (eds.), Ciência e In/Dependência, vol. 2, Livros Horizonte, Lisboa, p. 94-98.

Bazin M 2008. Dengue. [cited 2016 November 21]. Available from: http://imanentemente.blogspot. com.br/search/label/Maurice%20Bazin.

Brasil 1981. Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm.

Brasil 1999. Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l9795.htm.

Brasil 2015. Combate ao mosquito Aedes e diagnóstico de microcefalia. Brasília: Ministério da Saúde. [updated 2015 November 26; cited 2016 April 29]. Available from: http://www.blog.saude.gov.br/combate-ao-aedes/50390-combate-ao-mosquito-aedes-e-diagnostico-de-microcefalia.html.

Brasil 2016a. Boletim epidemiológico – SE 2, 3, 4 e 27 de 2016. Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde. Available from: http://combateaedes.saude.gov.br/images/sala-de-situacao/2016-Dengue_Zika_Chikungunya.

Brasil 2016b. Lei no 13.301, de 27 de junho de 2016. Dispõe sobre a adoção de medidas de vigilância em saúde quando verificada situação de iminente perigo à saúde pública pela presença do mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus chikungunya e do vírus da zika; altera a Lei no 6.437, de 20 de agosto de 1977. Available from: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/ L13301.htm.

Carr W, Kemmis S 1986. Becoming Critical: Education, knowledge and action research, Falmer Press, Brighton.

Carson R 1962. Silent Spring, Fawcett Crest Books, Greenwich.

Colmenares AM, Piñero ML 2008. La investigación acción. Una herramienta metodológica heurística para la comprensión y transformación de realidades y prácticas socio-educativas. Laurus Revista de Educación 14(27):96-114, Available from: http://www.redalyc.org/pdf/761/76111892006.pdf.

Donalisio MR, Alves MJCP, Visockas A 2001. Inquérito sobre conhecimentos e atitudes da população sobre a transmissão do dengue - região de Campinas São Paulo, Brasil - 1998. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 34(2):197-201.

Elliot J 2000. La Investigación-acción en educación, Morata, Madrid.

Fals_Borda O 1992. La ciência y el Pueblo: nuevas reflexiones. In MC Salazar (ed.), La investigación-ación participativa: Inicios y desarrollos,bord Editorial Popular/OEI,/Quinto Centenario, Madrid, p. 65-84.

Freire P 1967. Educação como prática da liberdade, Paz e Terra, Rio de Janeiro.

Freire P 1983. Pedagogia do oprimido. 13.ed. rev. e atual, Paz e Terra, Rio de Janeiro.

Freire P 2011. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43.ed., Paz e Terra, São Paulo.

Fretwell H 2009. Environmental education: the science of fear. PercReports 27(3):8-11.

GDF 2016. Com a Zika, o perigo está ainda maior. Diário Oficial do Distrito Federal 31(17 de fevereiro): 39.

Gil AC 2007. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5.ed., Atlas, São Paulo.

Gouveia N 1999. Saúde e meio ambiente nas cidades: os desafios da saúde ambiental. Saúde e Sociedade 8(1):49-61.

Grabauska CJ, de_Bastos FP 1998. Investigação-ação educacional: possibilidades críticas e emancipatórias na prática educativa. Heuresis, Revista Eletrónica de Investigación Curricullar y Educativa 1(2). Available from: http://www2.uca.es/HEURESIS/heuresis98/v1n2-2.html.

Hart M 1990. Critical Theory and Beyond: Further Perspectives on Emancipatory Education. Adult Education Quaterly 40(3):125-138.

Harzin AN, Poretti A, Turchi_Martelli CM, Huisman TA, Microcephaly Epidemic Research Group 2016. Computed Tomographic Findings in Microcephaly Associated with Zika Virus. New England Journal of Medicine 374(22):2193-2195.

Hoen B, Schaub B, Funk AL, Ardillon V, Boullard M, Cabié A, Callier C, Carles G, Cassadou S, Césaire R, Douine M, Herrmann-Storck C, Kadhel P, Laouénan C, Madec Y, Monthieux A, Nacher M, Najioullah F, Rousset D, Ryan C, Schepers K, Stegmann-Planchard S, Tressières B, Voluménie JL, Yassinguezo S, Janky E, Fontanet A 2018. Pregnancy Outcomes after ZIKV Infection in French Territories in the Americas. New England Journal of Medicine 378(11):985-994.

Johansen IC 2014. Urbanização e saúde da população: o caso da dengue em Caraguatatuba (SP). Dissertação de Mestrado, Unicamp, Campinas.

Leff E 2010. Epistemologia Ambiental. 5.ed., Cortez, São Paulo.

Lewin K 1946. Action research and minority problems. Journal of Social Issues 2(4):34-46.

Little PE 2001. Os conflitos socioambientais: um campo de estudo e ação política. In: M Bursztyn (Org.), A difícil sustentabilidade: política energética e conflitos ambientais, Garamond, Rio de Janeiro, p. 107-122.

Loureiro CFB, Layargues PP 2013. Ecologia Política, Justiça e Educação Ambiental Crítica: perspectivas de aliança contra-hegemônica. Trabalho, Educação e Saúde 11(1):53-71.

Oliveira LM 2016. Pesquisa-ação em educação ambiental – empoderamento docente para práticas sustentáveis, Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, UnB.

Pereira BB, Oliveira EA 2014. Determinação do potencial larvófago de Poecilia reticulata em condições domésticas de controle biológico. Cadernos Saúde Coletiva 22(3):241-245.

Saito CH 2001. Por que investigação-ação, empowerment e as idéias de Paulo Freire se integram? In: RA Mion, CH Saito (Eds.), Investigação-Ação: Mudando o Trabalho de Formar Professores, Gráfica Planeta, Ponta Grossa, p. 126-135.

Saito CH 2012. Política Nacional de Educação Ambiental e Construção da Cidadania: revendo os desafios contemporâneos. In A Ruscheinsky (Ed.), Educação Ambiental: Abordagens Múltiplas. 2.ed. revista e ampliada, Artmed, Porto Alegre, p. 54-76.


Saito CH 2013. Environmental education and biodiversity concern: beyond the ecological literacy. American Journal of Agricultural and Biological Sciences 8(1): 12-27.

Saito CH 2016. Concept Map for Environmental Education Planning: Capacitation of Volunteers for the FIFA Football World Cup in Brazil. Journal of Education for Sustainable Development 10(2):289-308.

Saito CH 2017. Concept Map to Visualize Opposite Perspectives of Rapa Nui History as a Whole. Journal of Historical Archaeology & Anthropological Sciences 1(5):article 00029. Available from: http://medcraveonline.com/JHAAS/JHAAS-01-00029.pdf.

Saito CH (ed.) 2006. Educação ambiental PROBIO: livro do professor, MMA, Departamento de Ecologia da UnB, Brasília, 136 p.

Scotto G 1997. Conflitos ambientais no Brasil: natureza para todos ou somente para alguns?, IBASE, Rio de Janeiro.

Sorrentino M, Mendonça RTP, Ferraro_Jr LA 2005. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa 31(2):285-299.

Stenhouse L 1978. Case study and case records: towards a contemporary history of education. British Educational Research Journal 4(2):21-39.

Zara ALSA, Santos SM, Fernandes-Oliveira ES, Carvalho RG, Coelho GE 2016. Estratégias de controle do Aedes aegypti: uma revisão. Epidemiol. Serv. Saude 25(2):391-404.

Downloads

Publicado

2018-08-30

Como Citar

OLIVEIRA, Livia Miranda de; ARAUJO, Alex Sandro Rodrigues; SAITO, Carlos Hiroo. Educação Ambiental Crítico-Emancipadora e a Compreensão da Campanha Contra o Mosquito Aedes aegypti no Brasil. Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 83–107, 2018. DOI: 10.21664/2238-8869.2018v7i2.p83-107. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/2819. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Ambiente, Saúde e Bem Estar Humano