Pré-História no Cerrado: Análises antracologicas dos abrigos de Santa Elina e da Cidade de Pedra (Mato Grosso)

Autores

  • Caroline Bachelet Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.21664/2238-8869.2014v3i2.p96-110

Resumo

Estudo de macro-restos vegetais carbonizados descobertos em contexto arqueológico fornecem dados importantes sobre os comportamentos de subsistência e o ambiente onde as populações pré-históricas viviam. Este artigo apresenta os resultados das análises antracologicas de fogueiras, concentrações de carvões e tições, de cinco abrigos localizados no sul do Mato Grosso, datados do final do Pleistoceno até o Holoceno. A partir das identificações taxonômicas, os objetivos são de reconstruir os diversos aspectos da utilização dos recursos vegetais por caçadores-coletores (práticas de coleta, espécies coletadas, critérios de seleção, área de abastecimento, etc.) e a paleovegetação ao redor dos sítios. Os resultados indicam que os grupos praticavam uma coleta de lenha oportunista nas formações vegetais próximo dos abrigos, e principalmente focada sobre a madeira seca. A paisagem e o clima eram provavelmente parecidos do que caracteriza a região atualmente, o seja uma flora típica do bioma Cerrado e um clima tropical sazonal.

Palavras-Chave: Antracologia; Paleoetnobotânica; Pré-Historia; Brasil.

Biografia do Autor

Caroline Bachelet, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Pós-doutoranda Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Programa de Pós-Graduação em Arqueologia. Departamento de Antropologia. Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem

Referências

Aubry T 2005. Litologia e aproveitamento das rochas. In A Vilhena-Vialou (Ed.) Pré-história do Mato Grosso Vol. I – Santa Elina, EDUSP, São Paulo, p.107-112.
Bachelet C 2011. Apport de l’anthracologie à la connaissance des relations hommes-milieux à partir de l’holocène moyen dans des sites préhistoriques de la Cidade de Pedra (Mato Grosso, Brésil), Thèse de doctorat, Muséum National d’Histoire Naturelle, Paris, 311 pp.
Bachelet C 2013. Análises antracológicas. In A Vilhena Vialou & L Figuti (org), Cidade de Pedra, passado no presente, Casa Editorial Maluhy & Co, São Paulo, p.41-47.
Bachelet C 2013. Utilisation du bois de feu par les chasseurs-cueilleurs de la « Cidade de Pedra » (Brésil Central, Mato Grosso, Rondonópolis) à partir de l’Holocène moyen. L’Anthropologie 17: 436-458.
Bachelet C, Vilhena Vialou A, Ceccantini G, Vialou D 2011. Aroeira's firebrand in an archaeological context: anthracology contribution to understanding the relationship between man and his environment. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia (USP) 21: 115-127.
Ceccantini G 2002. Madeiras Arqueológicas do Abrigo Rupestre Santa Elina MT. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, 130 pp.
Ceccantini G 2005. A cobertura vegetal associada ao abrigo rupestre. In A Vilhena-Vialou, Pré-história do Mato Grosso Vol. I – Santa Elina, EDUSP, São Paulo, p. 125-138.
Chabal L 1992. La représentativité paléo-écologique des charbons de bois archéologiques issus du bois de feu. Bulletin de la Société Botanique de France, Actual. bot. 139 : 213-236.
Chabal L 1997. Forêts et sociétés en Languedoc (Néolithique final, Antiquité tardive). L’anthracologie, méthode et paléoécologie. Documents d’archéologie française 63 : 1-188.
Chabal L, Fabre L, Terral J F, Théry-Parisot I. 1999. L’anthracologie. In C Bourquin-Mignot, JE Brochier, L Chabal, S Crozat, L Fabre, F Guibal, P Marinval, H Richard, JF Terral, I Théry-Parisot (Eds), La Botanique, p. 43-104.
Coutinho LM 2002. O bioma cerrado. In AL Klein (Org.), Eugen Warming e o cerrado brasileiro: um século depois, Editora UNESP, São Paulo, p. 147-156.
Dechamps R 1979. Étude anatomique de bois d’Amérique du Sud Vol.I Acanthaceae à Lecythidaceae, Musée Royal de l’Afrique Centrale, Tervuren, 332 pp.
Dechamps R 1980. Étude anatomique de bois d’Amérique du Sud Vol.II Leguminosae, Musée Royal de l’Afrique Centrale, Tervuren, 229 pp.
Dechamps R 1985. Étude anatomique de bois d’Amérique du Sud Vol.III Linaceae à Zygophyllaceae, Musée Royal de l’Afrique Centrale, Tervuren, 471 pp.
Détienne P & Jacquet P 1983. Atlas d’identification des bois de l’Amazonie et des régions voisines. Centre Technique Forestier Tropical, Nogent-sur-Marne, 640 pp.
Fedalto LC, Mendes ICA, Coradin VTR 1989. Madeiras da Amazônia. Descrição do lenho de 40 espécies ocorrentes na Floresta Nacional do Tapajós, IBAMA, Brasília, 156 pp.
Fontugne M 2013. Cronologia dos Acampamentos. In A Vilhena Vialou & L Figuti (org), Cidade de Pedra, passado no presente, Casa Editorial Maluhy & Co., São Paulo, p. 47-50.
Köppen W 1948. Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra, Fondo de Cultura Econômica, México, 496 pp.
Lorenzi H & Abreu Matos FJ 2008. Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas -, 2° Edição, Instituto Plantarum, São Paulo, 512 pp.
Lorenzi H 2002. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil Vol.II., Instituto Plantarum, São Paulo, 368 pp..
Lorenzi H 2008. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil, 5° Edição, Vol.I., Instituto Plantarum, São Paulo, 384 pp.
Lorenzi H, Bacher L, Lacerda M, Sartori S 2006. Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas (de consumo in Natura), Instituto Plantarum, São Paulo, 640 pp.
Mainieri C & Chimelo JP 1989. Fichas de características das madeiras brasileiras, IPT, São Paulo, 418 pp..
Mainieri C, Chimelo JP, Alfonso VA 1983. Manual de Identificação das Principais Madeiras Comerciais Brasileiras. Companhia de Promoção de Pesquisa Cientifica e Tecnológica do Estado de São Paulo/Instituto de Pesquisas Tecnológicas, São Paulo, 241 pp..
Metcalfe CR & Chalk C 1950. Anatomy of the dicotyledons, Clarendon Press, Oxford, 1500 pp.
Paillet P 2006. Nouvelles découvertes d’art rupestre au Mato Grosso (Cidade de Pedra, Rondonópolis, Brésil). L’Anthropologie 110: 547-579.
Paillet P 2011. Les sites du Morro Solteiro (Rondonópolis) : un ensemble d’art rupestre majeur au Mato Grosso (Brésil). In D Vialou (Dir.) Peuplements et Préhistoire en Amériques, CTHS, Paris, p. 438-451.
Pearsall DM 2000. Paleoethnobotany: a handbook of procedures. Florida: Academic Press, Orlando, 695 pp.
Rizzini CT 1979. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos sociológicos e florísticos. Huitec, São Paulo, 374 pp..
Rizzini CT 1997. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. Âmbito Cultural Edições Ltda., Rio e Janeiro, 747 pp..
Scheel-Ybert R 2004. Teoria e métodos em antracologia. 2. Técnicas de campo e de laboratório. Arquivos do Museu Nacional 62, 343-356.
Scheel-Ybert R 2004. Teoria e métodos em antracologia. 1. Considerações teóricas e perspectivas. Arquivos do Museu Nacional 62(1): 3-14.
Scheel-Ybert R, Solari ME 2005. Análise dos macrorrestos vegetais do setor oeste: antracologia e carpología. In A Vilhena Vialou (Ed), Pré-história do Mato Grosso. Vol.I Santa Elina, EDUSP, São Paulo, p. 139-147.
Vialou D 2005. Representações rupestres. In A Vilhena Vialou (org.), Pré-história do Mato Grosso, Vol.I Santa Elina, EDUSP, São Paulo, p.245-254.
Vialou D 2011. Paysage, peuplement, société, art rupestre. Une problématique interrogée dans une aire de représentations rupestres au Brésil. In D Vialou (Dir.), Peuplements et Préhistoire en Amériques, CTHS, Paris, p. 424-435.
Vialou D 2013. Arte Rupestre na Cidade de Pedra. In A Vilhena Vialou & L Figuti (org.), Cidade de Pedra: passado no presente, Ed. Maluhy & Co., São Paulo, p. 31-34.
Vilhena de Toledo E 2013. Três décadas de prospecções na Cidade de Pedra. In A Vilhena Vialou & L Figuti (dir.), Cidade de Pedra, passado no presente, Casa Editorial Maluhy & Co., São Paulo, p. 19-24.
Vilhena Vialou A & Figuti L (dir.) 2013. Cidade de Pedra, passado no presente, Casa Editorial Maluhy & Co., São Paulo, 160 pp.
Vilhena Vialou A (Ed.) 2005. Pré-história do Mato Grosso. Vol.I Santa Elina, Edusp, São Paulo, 256 pp.
Vilhena Vialou A 2003. Santa Elina rockshelter, Brazil : Evidence of the coexistence of Man and Glossotherium. Where the South Winds Blow. A Peopling of the Americas Publication, Center for the Study of the First Americans, Texas A&M University, 21-28.
Vilhena Vialou A 2011. Occupations humaines et faune éteinte du Pléistocène au centre de l’Amérique du Sud : l’abri rupestre Santa Elina, Mato Grosso, Brésil. In D Vialou (Dir.), Peuplements et Préhistoire en Amériques, CTHS, Paris, p. 193-208.
Vilhena Vialou A. (Ed.) 2006. Pré-história do Mato Grosso. Vol.II Cidade de Pedra, Edusp, São Paulo, 225 pp..
Wheeler EA, P Baas, PE Gasson (eds.) 1989. IAWA list of microscopic features for hardwood identification. IAWA Bulletin 10: 219-332.

Publicado

2014-12-28

Como Citar

BACHELET, Caroline. Pré-História no Cerrado: Análises antracologicas dos abrigos de Santa Elina e da Cidade de Pedra (Mato Grosso). Fronteira: Journal of Social, Technological and Environmental Science, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 96–110, 2014. DOI: 10.21664/2238-8869.2014v3i2.p96-110. Disponível em: https://periodicos.unievangelica.edu.br/index.php/fronteiras/article/view/1006. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê - Cultura, História e Biodiversidade