Violência contra crianças: avaliação das características epidemiológicas no Brasil e no estado de Goiás

evaluation of epidemiological characteristics in Brazil and in the state of Goiás

Autores

  • Isabela Araújo Oliveira Centro Universitário Unievangélica de Anápolis http://orcid.org/0000-0002-6428-0510
  • Hellen Caroline Pereira Machado Centro Universitário Unievangélica de Anápolis
  • Bruna Martinez Yano Lima Centro Universitário Unievangélica de Anápolis
  • Erick Verner de Oliveira Aquino Centro Universitário Unievangélica de Anápolis http://orcid.org/0000-0002-7733-7301
  • Margareth Regina Gomes Veríssimo de Faria Centro Universitário Unievangélica de Anápolis

DOI:

https://doi.org/10.37951/2358-9868.2021v9i1.p51-60

Palavras-chave:

Criança, Maus-Tratos Infantis, Violência, Saúde da Criança, Sistemas de Informação em Saúde

Resumo

Objetivo: analisar a violência infantil no contexto brasileiro e no estado de Goiás, avaliando os tipos de violência mais frequentes, as faixas etárias mais afetadas, os ambientes em que mais ocorrem e os principais autores das agressões. Métodos: trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, cujos dados foram obtidos a partir das notificações registradas na base de dados Sistema de Informações de Agravos de Notificações, disponibilizada pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Foram coletados dados nacionais e do estado de Goiás referentes ao ano de 2019 e à faixa etária entre menores de 1 ano a 14 anos. As variáveis utilizadas foram: região de notificação, sexo, faixa etária, etnia, locais de ocorrência, prováveis autores e tipos de violência. Resultados: no Brasil, em 2019, 91.876 casos de violência infantil foram notificados, enquanto em Goiás, 2.511 casos. As crianças do sexo feminino e as que se encontram na faixa etária entre 10 a 14 anos são as principais vítimas dessa violência. Além disso, entre os tipos de maus tratos, destacam-se negligência/abandono e violência física e sexual como as mais frequentes, sendo os pais os mais prováveis responsáveis pelo cometimento das agressões e a residência o principal local de ocorrência. Observa-se também o elevado número de registros de violência de repetição. Conclusão: a violência infantil é grave problema de saúde pública e apresenta dados alarmantes, tanto no cenário nacional quanto no estado de Goiás, o que reforça a fragilidade das redes de atenção e proteção às vítimas.

Referências

1. Organização Mundial de Saúde. Relatório mundial sobre violência e saúde. Genebra: 2002. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2019/04/14142032-relatorio-mundial-sobre-violencia-e-saude.pdf.
2. United Nations Children's Fund (UNICEF). Behind Closed Doors The Impact of Domestic Violence on Children. 2006. Disponível em: https://www.unicef.org/media/files/BehindClosedDoors.pdf
3. Brasil. Ministério dos Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Proteção dos Direitos da Criança e Adolescente. Violência contra crianças e adolescentes: Análise de Cenários e Propostas de Políticas Públicas. Brasília: 2018. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/consultorias/conada/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas.pdf
4. Filha, CX. Violências e direitos humanos em pesquisa com crianças. Educação e pesquisa. 2015; 41, 1569-1583. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022015001001569&lng=pt&tlng=pt
5. Malta DC, Bernal RTI, Teixeira BSM, Silva MMA, Freitas MIF. Fatores associados a violências contra crianças em Serviços Sentinela de Urgência nas capitais brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva. 2017; 22(9), 2889-2898. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v22n9/1413-8123-csc-22-09-2889.pdf
6. Brasil. Ministério da Saúde. Impacto da violência na saúde das crianças e adolescentes. Brasília, 2009. Disponível em: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/ms/cartilha_impacto_violencia.pdf
7. Ribeiro IMP, Ribeiro AST, Pratesi R, Gandolfi L. Prevalência das várias formas de violência entre escolares. Acta Paul Enferm. 2015; 28(1), 54-59. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500010
8. Brasil. Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Tabnet. Informações de Doenças e Agravos de Notificação - De 2007 em diante (SINAN). Violência doméstica, sexual e/ou outras violências (online). 2019 Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/violebr.def
9. Brasil. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Disque Direitos Humanos - Relatório 2019. 2019. Disponível em: https://brasil.estadao.com.br/blogs/vencer-limites/wp-content/uploads/sites/189/2020/06/disque100-relatorio2019-04jun20-blogvencerlimites_040620202052.pdf
10. Rates SMM, Melo EM, Mascarenhas MDM, Malta DC. Violence against children: an analysis of mandatory reporting of violence, Brazil 2011. Ciência & Saúde Coletiva. 2015; 20(3), 655-665. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232015000300655
11. Garbin CAS, Rovida TAS, Joaquim RC, Paula AM, Queiroz APDG. Violência denunciada: ocorrências de maus tratos contra crianças e adolescentes registradas em uma unidade policial. Rev. bras. enferm. 2011; 64(4), 665-670. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reben/v64n4/a06v64n4.pdf
12. Zambon MP, Jacintho ACA, Medeiros MM, GuglielminettiI R, Marmo DB. Violência doméstica contra crianças e adolescentes: um desafio. Rev. Assoc. Med. Bras. 2012; 58(4), 465-471. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302012000400018&lng=en&nrm=iso
13. Apostólico MR, Nóbrega CR, Guedes RN, Fonseca RMGS, Egry EY. Características da violência contra a criança em uma capital brasileira. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012; 20(2). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n2/pt_08.
14. Mata NT, Silveira LMB, Deslandes SF. Família e negligência: uma análise do conceito de negligência na infância. Ciência & Saúde Coletiva. 2017; 22(9), 2881-2888. Disponível em: www.scielo.br/pdf/csc/v22n9/1413-8123-csc-22-09-2881.pdf
15. Pasian MS, Faleiros JM, Bazon MR, Lacharité C. Negligência infantil: a modalidade mais recorrente de maus-tratos. Pensando fam. 2013; 17(2), 61-70. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2013000200005.
16. Nunes AJ, Sales MCV. Violência contra crianças no cenário brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva. 2016; 21(3), 871-880. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015213.08182014.
17. World Health Organization. Global status report on preventing violence against children 2020. Geneva: 2020. Disponível em: https://www.who.int/teams/social-determinants-of-health/violence-prevention/global-status-report-on-violence-against-children-2020.
18. Mascarenhas MDM, Malta DC, Silva MMA, Lima CM, Carvalho MGO, Oliveira VLA. Violência contra a criança: revelando o perfil dos atendimentos em serviços de emergência, Brasil, 2006 e 2007. Cad Saude Publica. 2010; 26(2), 347-357. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csp/v26n2/13.pdf
19. Assis SG, Avanci JQ, Pece RP, Pires TO, Gomes DL. Notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças no Brasil. Cien. Saúde Colet. 2012; 17(9), 2305-2317. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v17n9/a12v17n9.pdf
20. Ligiero D, Hart C, Fulu E, Thomas A, Radford L. Together for Girls. What works to prevent sexual violence against children: evidence review. Washington DC: 2019. Disponível em: https://www.togetherforgirls.org/wp-content/uploads/2019-11-15-What-Works-to-Prevent-Sexual-Violence-Against-Children-Evidence-Review.pdf
21. Barth J, Bermetz L, Heim E, Trelle S, Tonia T. The current prevalence of child sexual abuse worldwide: A systematic review and meta-analysis. International Journal of Public Health. 2013; 58(3): 469-483. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23178922/
22. Economist Intelligence Unit. Shining light on the response to child sexual abuse and exploitation. 2020. Disponível em: https://outoftheshadows.eiu.com/wp-content/uploads/2020/04/Out-of-the-Shadows_whitepaper_60-countries_2020.pdf.
23. Sociedade Brasileira de Pediatria de São Paulo. Sociedade Brasileira de Pediatria. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2018. Disponível em: https://www.spsp.org.br/downloads/Manual_Atendimento_Crian%C3%A7as_Adolescentes_V%C3%ADtimas_Viol%C3%AAncia_2018.pdf
24. Souto DF, Zanin L, Ambrosano GMB, Flório FM. Violência contra crianças e adolescentes: perfil e tendências decorrentes da Lei nº 13.010. Revista Brasileira de Enfermagem. 2018; 71(3), 1313-1323. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reben/v71s3/pt_0034-7167-reben-71-s3-1237.pdf
25. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD Contínua – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2019, [online]. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html

Downloads

Publicado

2021-06-24

Edição

Seção

ARTIGOS ORIGINAIS