A avaliação da evolução dos gastos públicos em serviços hospitalares com pacientes desnutridos no Brasil entre 2008 e 2018 e a necessidade de sua abordagem precoce

Autores

  • Gabriela Ramos Ribeiro
  • Marina Ramos Ribeiro
  • Paulo Vitor Miranda Macedo de Breito
  • Bruno Leonardo Wadson Silva
  • Eric Mendes de Souza
  • Pedro Henrique Costa Matos da Silva

Palavras-chave:

Desnutrição. Custos. Serviços hospitalares.

Resumo

Introdução: A desnutrição pode ser definida como uma condição clínica decorrente de uma deficiência ou excesso, relativo ou absoluto, de um ou mais nutrientes essenciais. Segundo a Organização das Nações Unidas, o Brasil está entre os 51 países mais suscetíveis a esse mal. Alguns efeitos dessa enfermidade são hospitalização e convalescência prolongadas além do aumento da morbidade e da mortalidade. Assim, uma população desnutrida representa também maiores gastos em saúde para o país, por isso é relevante analisar os gastos públicos dessa doença no Brasil. Objetivo: Apresentar e discutir os gastos públicos em serviços hospitalares com pacientes desnutridos entre janeiro 2008 e dezembro 2018 no Brasil a partir de uma perspectiva orçamentária. Material e método: Foi realizado um estudo epidemiológico a respeito dos custos entre 2008 e 2018 com os pacientes desnutridos utilizando-se dados do DataSUS e estes foram trabalhados em planilhas do Excel. Resultados: No total, os gastos do sistema único de saúde em serviços hospitalares com a desnutrição no Brasil entre jan/2008 e dez/2018 foi de R$ 267.192.725,89. O Sudeste foi a região que despendeu maior verba e utilizou ao total R$ 113.088.032,62(42%), seguida pela região Nordeste que utilizou R$ 81.639.805,29 (30,5%). Juntas essas regiões gastaram cerca de 70,5% do valor total. A região Centro-Oeste foi a que menos consumiu, utilizando R$ 15.142.032,06 (5%). Em relação ao sexo, o consumo foi equilibrado, os homens gastaram 55% e as mulheres 45%. Além disso, a faixa etária acima de 60 anos foi a que teve o custeio mais elevado: R$ 128.9374.470, totalizando 48%. A faixa etária que menos gerou despesas foi entre 15 a 19 anos, gastando apenas R$ 3.895.971,11, cerca de 1,4%. Durante o período analisado, percebe-se que com o passar dos anos os gastos diminuíram de R$ 22.627.376,39, em 2008, para R$ 21.626.874,62 em 2018. A mediana dos valores gastos por ano, durante o período analisado, pelos serviços hospitalares foi de R$ 24.990.010, e a média foi de R$ 24.290.250. Conclusão: No Brasil, percebe-se que a desnutrição hospitalar é muito comum e está associada a grandes gastos aos cofres públicos. A região Sudeste e Nordeste foram as que mais gastaram, isso nos mostra que pode existir uma relação direta entre o número de habitantes de uma região com o número de pacientes desnutridos e, consequentemente, com um maior gasto com a doença. Ambas ocupam, respectivamente, a primeira e a segunda macrorregião mais habitada no Brasil. Aliado a isso, o Nordeste é a segunda região com o menor Índice de Desenvolvimento Humano. Ademais, a literatura mostra que há um aumento de 60,5% nos custos de internação dos pacientes com desnutrição clínica e, considerando a ocorrência de complicações e tempo de internação, esses custos apresentaram aumento de até 308,9% quando comparados com a internação de pacientes bem nutridos. Isso pode explicar o porquê de a população idosa ser a mais dispendiosa em relação ao gasto com a desnutrição, mas são necessários mais estudos para comprovar tal hipótese. Por fim, a avaliação nutricional, detecção e intervenção precoce do status nutricional, além de confluir em melhor prognóstico, é uma medida financeiramente efetiva, com a expectativa de redução dos custos no âmbito hospitalar.

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Publicado

2020-02-09

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG