Internações hospitalares e óbitos por intoxicação medicamentosa no estado de Goiás: análise de 2000 a 2017

Autores

  • Luísa Catilho Amâncio
  • Camila França Arruda
  • Daniele Belizário Bispo
  • Débora Teodoro Carrijo
  • Guthieres Mendonça Schmitt
  • Mithielle Rodrigues de Oliveira Peixoto

Palavras-chave:

Mortalidade. Preparações farmacêuticas. Toxicidade.

Resumo

Introdução: As intoxicações medicamentosas são reações resultantes da sobredosagem de medicamentos, atingindo concentrações superiores à janela terapêutica. Dentre as circunstâncias desse problema, estão a automedicação, a autointoxicação intencional e a polifarmácia. Assim, por ser uma causa evitável de morbimortalidade, é relevante analisar o cenário goiano, fornecendo um estudo que oriente propostas no âmbito da saúde, a fim de reverter o quadro. Objetivo: Descrever e analisar as internações hospitalares e os óbitos por intoxicações medicamentosas no estado de Goiás, de acordo com o sexo, no período compreendido entre 2000 e 2017. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico sobre a morbimortalidade por intoxicação medicamentosa em Goiás, no período de 2000 a 2017, estratificado segundo o sexo, realizado por meio de consulta ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Os dados obtidos foram comparados com artigos que abordam o tema. Os critérios utilizados na seleção dos artigos foram: trabalhos escritos em língua portuguesa, publicados entre 2000 a 2018 nas plataformas de pesquisa “Scientific Electronic Library Online” (SciELO) e “US National Library of Medicine” (PubMed), por meio de descritores em ciências da saúde padronizados pela BIREME: mortalidade, preparações farmacêuticas, toxicidade. Resultados: Nota-se que houve um aumento nas taxas de óbito e hospitalização por intoxicações medicamentosas no Brasil no período analisado. Foi observado também que a maior incidência dessa problemática está sobre o sexo masculino, já que dentre os 81 óbitos registrados, 70 eram de homens. Em Goiás, esse crescimento ocorreu a partir do ano de 2004, sendo significativamente maior a incidência também entre os homens. Porém, entre os anos de 2009 e 2010, esses dados sofreram uma mudança, com o aumento para as mulheres, contudo, entre os anos de 2011 e 2017, os índices tornaram-se maiores, novamente, para o sexo masculino. Os homens lideram as ocorrências tanto para internações quanto para óbitos, contrariando os índices sobre consumo de medicamentos no Brasil que apontam as mulheres como maiores consumidoras. Contudo, estudos demonstram que aspectos biológicos e socioculturais favorecem o adoecimento de mulheres e que essas apresentam maior autocuidado e busca por serviços de saúde evitando práticas não recomendáveis como a automedicação com posologia e terapêuticas inadequadas que são frequentes no sexo masculino. Em relação a autointoxicação intencional, estudos mostram que as mulheres tentam mais contra a vida, enquanto os homens são mais bem sucedidos nas tentativas de suicídio. Além disso, a literatura aponta que o atual perfil epidemiológico brasileiro é marcado pela alta prevalência de doenças crônicas, as quais, frequentemente, são concomitantes, levando ao uso de múltiplos medicamentos e, consequentemente predispondo às intoxicações. Conclusão: Desse modo, observou-se que tanto as internações, quanto os óbitos por intoxicação medicamentosa foram mais incidentes no sexo masculino. Logo, é visível a necessidade de aprimoramento da regulação da publicidade e da aquisição de medicamentos no país. O padrão de consumo de medicamentos pela população, caracterizado pela automedicação inapropriada, polifarmácia e uso indevido e indiscriminado de medicamentos, precisa ser trabalhado pelos profissionais de saúde para uma maior instrução da população.

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Publicado

2020-02-16

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG