O excesso de medicalização infantil para tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Autores

  • Gabriela Magalhães Bandeira Gomes
  • Joaquim Pedro Figueira Marques
  • Júlia Cândido Carvalho
  • Mariana Magalhães Bandeira Gomes
  • José Paulo David Marques Filho
  • Glenia Arantes Maia

Palavras-chave:

Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade. Metilfenidato. Psiquiatria infantil.

Resumo

Introdução: O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma afecção neurológica diagnosticada geralmente na infância e acompanha o indivíduo pelo resto da vida. A clínica consiste na desatenção, hiperatividade e impulsividade, dificultando o aprendizado. Atualmente, a questão do baixo rendimento escolar se tornou tema marcante de educadores. Houve um crescimento exagerado do uso do metilfenidato nas crianças, por vezes, associada há um desejo de melhorar o rendimento escolar ou diminuir a agitação da criança. Esse medicamento é conhecido popularmente por Ritalina® e é um fármaco estimulante do sistema nervoso central. Objetivo: O estudo visa problematizar as consequências da medicalização infantil por metilfenidato e seu uso indiscriminado em crianças. Pretende-se também analisar os fatores positivos em contraposição com os efeitos colaterais dessa droga. A motivação pelo estudo justifica-se pelo crescente consumo do Metilfenidato na infância nas últimas décadas. Material e método: Este trabalho consiste em uma revisão qualitativa, por meio de uma revisão da literatura. Os bancos de dados virtuais Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e PubMed, foram consultados, utilizando-se os termos: metilfenidato, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, sendo feita a troca dos descritores. O montante de artigos adquiridos foi determinado pelos seguintes critérios: artigos com data de publicação a partir de 2015 e publicados no idioma português; como critérios de exclusão: artigos que não correspondiam à temática. Resultados: A generalização do diagnóstico de TDAH provocou o aumento do metilfenidato receitado para crianças. O Brasil é o segundo maior consumidor mundial de Metilfenidato. Atualmente a metilfenidato é o medicamento de primeira linha para o tratamento de TDAH. Esse transtorno é uma condição crônica, de ordem neuropsiquiátrica, caracterizada por comportamentos de desatenção, impulsividade e hiperatividade, provocando dificuldade de aprendizado nos portadores da doença. O TDAH quando presente e não tratada gera prejuízos sociais na vida adulta. No entanto, esses sintomas podem decorrer de outros problemas que não a neuropsiquiátrica, por isso a necessidade de contextualizar a criança no ambiente em que vive. Além disso, o Metilfenidato não se restringe como fonte exclusiva de tratamento do TDAH. A criança com desvio de comportamento por TDAH necessita de uma abordagem multimodal: a medicação, a psicoterapia comportamental e a orientação aos pais e professores. O consumo dessa medicação é regulado, pois é um psicoestimulante e apresenta efeitos colaterais, como insônia, perda de apetite, irritabilidade e cefaleia. O uso crônico e abusivo oferece o risco de alucinações e de dependência. Devido a isso, deve-se realizar diagnósticos criteriosos, e avaliar se os sintomas não se constituem apenas de um distúrbio comportamental ou se existe um paciente que irá se beneficiar da medicação. Conclusão: O uso do metilfenidato para tratar crianças com TDAH tem aumentado. Tal crescimento relaciona-se tanto a um aumento do número de diagnósticos de TDAH, como também, a um desejo urgente de aprimoramento cognitivo ou a uma mudança nos padrões de comportamento em crianças normais. Portanto, é necessário não banalizar o uso da droga, correlacionando os riscos e os benefícios desta na infância.

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Publicado

2020-02-19

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG