Impacto psicossocial do câncer em adolescentes

Autores

  • Maria Paula Borges Rodrigues
  • Camila França Arruda
  • Daniele Belizário Bispo
  • Larissa Guerra Fernandes
  • Valéria Menezes Menezes da Cunha
  • Mariana Figueiredo Guedes D’Amorim

Palavras-chave:

Câncer. Adolescência. Qualidade de vida.

Resumo

Introdução: A neoplasia, em países desenvolvidos, é considerada a segunda causa de morte na infância (crianças de 1 a 14 anos), correspondendo a cerca de 4% a 5% dos óbitos nessa faixa etária, e é a principal causa de morte nos adolescentes e adultos jovens (de 15 a 29 anos). No Brasil, entre os anos de 2009 a 2013, a taxa média de mortalidade por neoplasias entre 0 a 19 anos, variou entre 42,33 e 49,17 por milhão. No ponto de vista clínico, os tumores pediátricos apresentam menores períodos de latência e em geral, crescem rapidamente e são mais invasivos, porém respondem melhor a quimioterapia. O período da adolescência compreende diversas mudanças de ordem física e emocional como: mudanças corporais, crescimento físico e formação da identidade. Quando o câncer acomete esses indivíduos surgem outras alterações: efeitos colaterais, distanciamento dos amigos, familiares e escola. Objetivo: Analisar os processos psicossociais dos pacientes adolescentes acometidos com câncer desde o surgimento da doença até as repercussões após a cura. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão sistemática de literatura baseada em artigos científicos publicados em revistas indexadas nas bases de dados PubMed, SciELO e Bireme/BVS. Os descritores utilizados nas buscas foram câncer, adolescência, qualidade de vida e impacto psicossocial. Foram selecionados 20 artigos, em idioma inglês e português, publicados entre 2009 e 2019 com pelo menos um dos descritores citados acima. Resultados: O adolescente portador de doença crônica pode ter seu desenvolvimento físico e emocional afetado, podendo apresentar desajustes psicológicos decorrentes da enfermidade, do tratamento ou das hospitalizações. Jovens portadores de câncer, com frequência desenvolvem o que tem sido chamado de estilo repressivo adaptativo. A doença leva a um comprometimento da imagem corporal, dificuldades na socialização, sexualidade e independência do adolescente. Muitos adolescentes retrocedem no processo de desenvolvimento e conquista de autonomia, além de o processo de hospitalização causar uma despersonalização do jovem. O episódio de câncer pediátrico é um contexto potencialmente estressante e aversivo para pacientes, familiares e profissionais de saúde. Para o adolescente, o contexto de tratamento é marcado pela aversividade de efeitos colaterais e procedimentos médicos, incerteza sobre a possibilidade de cura e sequelas, desvalorização pessoal, sensação de vulnerabilidade, ameaça e fragilidade, prejuízos em relações interpessoais, transformação da rotina, preocupação com familiares, expectativas de cura e retorno às atividades cotidianas, medo de falecimento, dificuldades para verbalizar sentimentos e prejuízos ao desenvolvimento. Conclusão: É possível concluir com o presente estudo que a severidade da doença e suas repercussões marcam o adolescente de maneira peculiar. Compreender os fatores psicossociais que estão presentes no episódio de câncer pediátrico promove instrumentos para o desenvolvimento e realização de intervenções eficientes, que possam diminuir os custos emocionais e instrumentais característicos dessa realidade.

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Publicado

2020-02-26

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG