Relação entre desastres ambientais e casos de Transtornos mentais em situações de vulnerabilidade

Autores

  • Gabriella Garcia Jacinto
  • Mikaelle Kathrine Paulino de Araújo
  • Jefferson Rosa Marques Batista
  • Simone Rodrigues Peixoto
  • Ingrid Cristianne Soares da Costa
  • Jalsi Tacon Arruda

Palavras-chave:

Acidentes ambientais. Catástrofes. Psiquiatria.

Resumo

Introdução: Desastres naturais são contextos em que, para além do potencial de degeneração de um espaço físico e mortalidade imediata, também podem ser desencadeados nos sobreviventes, sobretudo à médio e longo prazo, distúrbios psicológicos nocivos à sua saúde mental. Por serem dotados de impactos de grande amplitude territorial e atingirem grande número de pessoas, os efeitos dos desastres à saúde, além de graves, também dizem respeito a preocupações próprias da saúde coletiva. Objetivo: Analisar os dados referentes aos índices de transtornos mentais em relação aos desastres ambientais ocorridos em Minas Gerais no ano de 2015 a 2019, para correlacionar a importância da equipe multidisciplinar de saúde para a promoção do bem-estar psíquico em situações de vulnerabilidade. Material e método: Tratase de um estudo descritivo quantitativo com enfoque em pesquisa bibliográfica e documental através de artigos, documentos e reportagens publicados e disponibilizados nas plataformas virtuais SciElo, Google Acadêmico, Pepsic, e sites nacionais que abrangem essa temática. Foram utilizados os descritores: saúde mental, desastre ambiental, qualidade de vida e promoção da saúde, para a seleção dos estudos científicos e demais informações relevantes. Resultados: A incidência de depressão após desastres naturais é substancialmente aumentada em relação aos índices em dias considerados normais. Uma análise dos sobreviventes do terremoto ocorrido no Haiti em 2010 mostrou um índice de 55% dos indivíduos apresentando sintomas de depressão e 40% com sintomas de ansiedade. Outra pesquisa sobre saúde mental das vítimas atingidas pelo rompimento da barragem em Mariana-MG diagnosticou depressão em 28,9% da população, transtorno de ansiedade generalizada (TAG) em 32%, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) em 12% e risco de suicídio em 16,4%. Um estudo comparativo observou fatores de risco para depressão em adultos e crianças que vivenciam desastres naturais, e, como principal denominador comum aosdois grupos analisados, ocorre uma vitimização prévia. Vivenciar um desastre natural por mais de uma vez é um fator de risco comum a adultos e crianças. Este aspecto contribui a uma sobreposição de riscos à saúde, sobretudo em populações socialmente vulneráveis, aquelas que retornam a viver em regiões de vulnerabilidade ambiental devido à sua fragilidade econômica. Nestes casos, tal repetição pode constituir potencial de fator amenizador das estratégias de coping - conjunto de estratégias utilizadas pelos indivíduos para enfrentarem circunstâncias adversas e para a elas se adaptarem. A vivência repetida de uma mesma situação pode ser reforçadora dessa postura de passividade, já que a assistência recebida é apenas emergencial e o problema da moradia em área de risco continua a existir. Conclusão: Tendo em vista os dados e efeitos dos desastres que, para além do período imediato, trazem graves perturbações psicológicas, é necessário que as ações do serviço de saúde mental estejam presentes durante o processo como medida de auxílio a um aspecto da saúde altamente prejudicado, o da saúde mental, e desenvolvam ações de maior duração que a imediata, visto que a manifestação dos efeitos psicossociais se manifesta, sobretudo, no período de meses e anos após a ocorrência dos desastres.

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Publicado

2020-02-26

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG