Relação entre os distúrbios do sono e o desenvolvimento de Alzheimer

Autores

  • Larissa Guerra Fernandes
  • Valéria Menezes de Souza
  • Maria Paula Borges Rodrigues
  • Daniele Belizário Bispo
  • Camila França Arruda
  • Mariana Figueiredo Guedes D’Amorim

Palavras-chave:

Demência. Alzheimer. Distúrbios sono. Ritmo circadiano. Neurodegeneração.

Resumo

Introdução: O sono faz-se importante por permitir um momento de descanso mental e físico e, por envolver uma diversidade de processos metabólicos que corroboram com o equilíbrio biológico seja a curto ou longo prazo. Os distúrbios do sono podem ser permissivos à deterioração da função cognitiva e do comprometimento funcional, facilitando a patogênese da doença de Alzheimer (DA). Tal doença manifesta-se como um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal com comprometimento cognitivo e de memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. Com o exposto, a importância do sono notoriamente vem ganhando maior espaço nas pautas científicas, assim como sua relação com outras possíveis doenças orgânicas, e compõe assunto dessa revisão de literatura. Objetivo: Analisar a possível associação entre os distúrbios de sono e patologias neurodegenerativas, com destaque para a doença de Alzheimer (DA). Metodologia: Revisão sistemática de literatura, composta por oito artigos em idioma Inglês e Português, referentes à temática abordada, publicados entre os anos de 2017 e 2019. Os descritores aplicados no banco de dados Scielo e Pubmed foram: “demência”, “Alzheimer”, “circadian rhytm”, “neurodegenerações”. Resultados: Contrariando o entendimento convencional de que o sono prejudicado em pacientes com doença de Alzheimer é uma consequência dessa patologia, vários estudos epidemiológicos recentes sugeriram que o distúrbio do sono poderia ser um fator de risco para declínio cognitivo e DA. Evidências recentes mostraram que a interrupção do sono é um fator de risco para a doença em questão. Do mesmo modo, pode começar anos ou mesmo décadas antes do início da DA, visto que a fragmentação do sono prejudica a consolidação da memória em animais e humanos e tem demonstrado ser um potente fator de risco para a demência analisada. Um dos estudos analisados revelou que indivíduos cognitivamente normais com problemas de sono autorrelatados têm maior probabilidade de ter biomarcadores de DA, como níveis mais baixos de Aβ42, acúmulo de Aβ e níveis mais altos de proteína Tau total e Tau fosforilada no líquido cefalorraquidiano, fatores que estão intimamente relacionados à neurodegenerações e possíveis acometimento funcionais. Outros estudos, concomitantemente, demonstraram que a privação do sono e a disfunção do ritmo circadiano podem levar ao metabolismo disfuncional da proteína tau como a hiperfosforilação que, por sua vez, pode desencadear demências e outras doenças mesmo na ausência de alterações de Aβ, já que sua presença ou padrão de fosforilação e agregação parecem correlacionar-se com a progressão da cognição. Entretanto, ainda não é devidamente evidenciada a associação entre a exposição a distúrbios circadianos crônicos, como o trabalho noturno durante a meia-idade, pode aumentar o risco de DA. Finalmente, os mecanismos moleculares que ligam o sistema circadiano à patogênese da DA ainda são pouco compreendidos. Conclusão: Diante do estudo, torna-se possível concluir que o sono afeta vários domínios da função cognitiva, incluindo a atenção e a consolidação da memória. Além disso, percebe-se também a evolução de pesquisas voltadas ao assunto, relacionando-o desde disfunções metabólicas até disfunções neurais, como é visto na doença de Alzheimer. Contudo, tal associação ainda carece de pesquisas complementares.

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Publicado

2020-02-26

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG