Soroprevalência ao teste ml flow entre moradores de um centro de reintegração hanseniano em Goiá

Autores

  • Leonardo Queiroz Lopez
  • Gabriel Peixoto Nascimento
  • Lídia Marques Rocha
  • Rafaela Camargos Santos
  • Rodrigo Scaliante de Moura

Palavras-chave:

Hanseníase. Hanseníase multibacilar. Transmissão. Estigma social.

Resumo

Introdução: A hanseníase é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica, causada pelo Mycobacterium leprae. O bacilo possui predileção pelo sistema nervoso periférico e pele, o que confere danos funcionais e dermatológicos à doença. Historicamente, do isolamento dos enfermos à terapêutica em ambulatórios gerais, a hanseníase marcou grandes transformações no âmbito sanitário. Em razão da segregação imposta pela sociedade, mantiveram-se entidades filantrópicas como alternativa aos doentes que buscavam fugir dos estigmas, visto que, a despeito dos avanços, a doença ainda permanece circundada por preconceitos. Objetivo: Descrever a taxa de soropositividade ao glicolipídeo fenólico-1 através de teste rápido de fluxo lateral ML Flow, entre moradores de uma instituição coordenada pelo Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN), no município de Anápolis, estado de Goiás, bem como elucidar aspectos sociais da doença. Material e Métodos: Pesquisa com abordagem observacional, transversal, em forma de levantamento de prevalência, não controlado e não randomizado. Envolveu todos os indivíduos do centro coordenado pelo MORHAN, os quais totalizaram 19 participantes. Foi realizada punção digital para coleta de sangue capilar a ser testado pelo dispositivo imunocromatográfico ML Flow, desenvolvido no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás, além da aplicação de questionário semiestruturado socioeconômico e epidemiológico. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário de Anápolis CAAE: 85967818.7.0000.5076e e está apoiado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Resultados: A instituição abriga portadores de sequelas hansênicas, desabrigados, além de portadores de patologias cardiovasculares, endocrinológicas e/ou psiquiátricas. A pesquisa compreendeu todos os indivíduos residentes do centro social que concordaram em participar (n = 19). Houve predominância do sexo masculino (68,42%), com mais de 54 anos de idade (57,89%) e ensino fundamental incompleto como grau de escolaridade (68,42%). A aplicação do questionário objetivou o levantamento de informações direcionadas à patologia analisada e 05 participantes relataram ter convivido com alguém portador de hanseníase (26,31%). Ao ML Flow, 17 apresentaram sorologia negativa (89,47%), em contraste a 02 soropositivos (10,52%) que relataram diagnóstico e término do tratamento farmacológico há mais de cinco anos. Conclusão: Reside no imaginário local que os indivíduos da instituição pesquisada são os responsáveis pela transmissão da doença, determinando, dessa forma, impactos psicossociais e a manutenção do preconceito. No entanto, os resultados esclareceram informações importantes acerca da prevalência de soropositivos, além da ênfase na importância do tratamento farmacológico adequado, visto que, logo ao início da terapia, deixam de transmitir a doença. Portanto, o esclarecimento sorológico associado a informação sobre a patologia, favorecem a eliminação da marginalização e estigmas impostos sobre indivíduos que possuíram a doença outrora ou que estão sob condições de vulnerabilidade social abrigados pela instituição.

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Publicado

2020-02-26

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG