Cura da hanseníase: apresentação do cenário nacional

Autores

  • Marcus Vinícius Cordeiro Costa
  • Luís Ricardo Almeida Sauer Krüger
  • Heloísa Silva Guerra

Palavras-chave:

Hanseníase. Notificação de doenças. Terapêutica.

Resumo

Introdução: a hanseníase é uma doença crônica, infecciosa e transmissível de grande magnitude em diversos países. Causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, afeta a pele e nervos periféricos, podendo manifestar-se de forma sistêmica, além de poder causar deformidade e incapacidade física. O Brasil possui 92% dos casos registrados do continente americano, sendo o vice- campeão no ranking global de detecção de novos casos. Para modificar esse cenário, o diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais, assim como a oferta destes, via sistema público de saúde. Objetivo: comparar o número casos registrados de Hanseníase com a proporção de cura dos pacientes que realizaram o tratamento no Brasil. Metodologia: trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo, com análise de dados secundários coletados por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A abrangência Geográfica selecionada foi Brasil por Região e UF. Para se obter o número de casos por região de notificação selecionou-se: “Ano Diagnóstico”; “Região” e “Casos Novos”, no período de 2015 a 2018, e para obter a proporção de cura foi selecionado: “Região de residência” e “Proporção cura nas coortes”, também de 2015 a 2018. Resultados: os dados analisados foram organizados entre as cinco regiões do Brasil, sendo distribuídas as notificações da seguinte forma: 18.181 na região Norte, 40.382 na região Nordeste, 12.570 na região Sudeste, 2.835 na região Sul, e 20.476 na região Centro-Oeste, totalizando 94.444 novos casos no período de 2015 a 2018. Desses, 76.764 (81,28%) pacientes foram registrados como curados. A distribuição percentual dos que foram curados com relação ao número de casos notificados por região, teve a seguinte distribuição: 80,89% na região Norte; 80,40% na região Nordeste; 87,47% na região Sudeste; 89,74% na região Sul; 78,08% na região Centro- Oeste. Além disso, o número de notificações em território nacional aumentou no período analisado, passando de 1.829 casos em 2015, para 29.243 em 2016, 31.459 em 2017 e 31.913 em 2018. Acredita-se que esse aumento se deva a diversos fatores, como diagnóstico tardio, falta de educação continuada dos profissionais da saúde, ausência de ações educativas comunitárias e familiares, desprovimento de conhecimento da população sobre a doença, carência de transporte para busca ativa, escassez de material para exames no laboratório e carência na cobertura assegurada no Programa de Controle de Hanseníase. . Conclusão: apesar do esforço para se extinguir a hanseníase, essa comorbidade está longe de ser considerada erradicada. Embora a quantidade de pessoas curadas seja “regular”, segundo o Ministério da Saúde, a falha na detecção precoce, no acompanhamento e no número de pessoas que aderem ao tratamento contribuem para o presente quadro epidemiológico dessa patologia. Além dos fatores citados, a hanseníase possui problemas sociais associados a ela, como preconceito, discriminação e exclusão social, sendo esses grandes contribuintes para o desconhecimento a respeito da doença, seu tratamento e até mesmo a existência de cura. Como possível solução para o problema, o desenvolvimento de programas que venham a refinar as condições operacionais dos serviços de saúde de forma a tornar mais efetiva a detecção e o controle da doença, poderiam melhorar seus índices e contribuir para o manejo de uma das maiores doenças negligenciadas do Brasil.

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Publicado

2020-02-26

Edição

Seção

ANAIS I CAMEG